QUE IDÉIA É ESTA
QUE NÃO SENDO MINHA
TORNOU-SE A MINHA
MAIS LOUCA OBSESSÃO.
QUE IDÉIA É ESTA
QUE DRIBLA MINHA SABEDORIA
CONDUZINDO MINHA IGNORÂNCIA
RUMO AOS MEUS SÓRDIDOS PRAZERES.
IDÉIA QUE TORNA VERDADEIRO
O QUE É FALSO
TÃO FALSO
QUE FANTASIADO DE CORRETO
ME FAZ ACREDITAR
SER LEI.
LEI ABUTRE
QUE CHEIRA O MAL
DOS MAUS DOMÍNIOS
TORNANDO-ME DOMINADOR
DONO DA FALSIDADE ENGANOSA
FALSIFICADOR DA REALIDADE
DEIXO DE SER
TENDO APENAS IDÉIAS PEQUENAS
PRECONCEBIDAS
QUE CONCEBEM
MEU MEDÍOCRE SER
O NÓ DO
PRECONCEITO
Normalina, portadora de todas as qualidades
que uma mulher sonha conquistar, tinha um defeito que não era seu, mas dos
olhos de quem a observava de maneira preconceituosa e persecutória. A sua
bondade, beleza, sensibilidade, inteligência, feminilidade, sensualidade,
profissionalismo, espiritualidade e doçura de nada valiam para os cegos de alma
que só conseguiam enxergar a cor da sua pele e a sua orientação sexual.
Normalina, além de ser negra possuía uma orientação sexual diferente do padrão
heterossexual privilegiado por nossa cultura. Apesar de viver discretamente e
respeitosamente a sua homossexualidade, nunca fez questão de esconde-la.
Era uma mulher maternal que sonhava ter
filhos e educá-los para o amor e respeito ao próximo. Sua família que se fingia
de cega para não deparar e ter que aceitar
a orientação sexual da mesma, cobrava insistente: “Você nunca traz seu namorado
aqui. Já passou da hora de se casar e ter filhos”.
Normalina sentia-se angustiada por ser
forçada a seguir uma norma estabelecida pelo outro, que determinava a hora e a
forma como as coisas deveriam ser. A sua norma de nada valia para quem não
conseguia respeitar as diferenças. Queria realmente se casar e ter filhos, mas
com a pessoa amada e escolhida por si mesma e não pelas pessoas que se julgavam
donas da verdade absoluta. Pensava consigo própria: “Como tudo seria bem mais
fácil se as pessoas respeitassem a lei da relatividade”. Vítima de regras sociais
impostas e injustas, sentia-se impotente para realizar o seu sonho, pois a
realização do mesmo não dependia de sua vontade, do seu esforço e de sua busca,
mas única e exclusivamente de leis estabelecidas por grupos que se beneficiam
das mesmas.
Apesar de ser extremamente espiritualizada,
nunca encontrou uma religião que a
aceitasse, de fato. Para se preservar, afastou-se de sua religião de
origem e nunca encontrou uma que lhe aceitasse de braços abertos sem questionar
a sua orientação sexual. Queria viver a sua espiritualidade livremente sem ter
que passar uma vida inteira justificando sua escolha, reparando uma culpa ou
uma sujeira que só existia na cabeça do outro. Buscou uma religião livre de
preconceito e não a encontrou. No entanto, encontrou dentro de si, um Deus
muito parecido consigo mesma – capaz de amar e respeitar incondicionalmente.
Passou a acreditar fielmente na lei da ação e reação. Tinha consciência de que
não estava fazendo mal a ninguém vivendo a sua homossexualidade e, de que faria
muito mal a si mesma vivendo uma heterossexualidade que não lhe pertencia.
Sabia que uma das leis divinas para ser feliz é
não se apropriar daquilo que não lhe pertence, e ser, sobretudo,
verdadeiro. Desta forma, optou por viver a sua verdade sem roubar de si a sua
verdadeira identidade. Jamais usaria um parceiro para comungar uma mentira.
Queria estar inteira numa relação, comungando prazeres, verdade e respeito pelo
mais profundo ser que nos habita e ao outro. Pagou um alto preço por isto, pois
recebeu à partir daí um outro rótulo: “A ateia que não tem Deus no coração”.
E a sua cor? Apesar de viver num país onde a
maioria é mestiça ou negra, Normalina se indignava ao deparar-se com olhares
que não conseguiam enxergar o negro que corre dentro das veias de nosso corpo
social. Doía ouvir frases do tipo: “Negro quando não suja na entrada, suja na
saída.” Sabia do esforço que sua família teve que empreender para adquirir
status e poder econômico numa sociedade medíocre que prega igualdade negando e
desrespeitando as diferenças. Passou uma vida inteira ouvindo preposições a seu
respeito ─ É uma linda menina “mas,” é negra. Formou-se, fez cursos de
pós-graduação, mestrados, doutorado “e” é negra. São negros, “no entanto”, são
ricos. E por aí, vai...─ Aprisionada pelas preposições, desejava mesmo é se
libertar delas. Sempre desejou ouvir o que o preconceito silenciou: “É uma
menina linda”. “Formou-se, fez cursos de pós-graduação, mestrados e doutorado”.
“São ricos”. Apesar de saber que estes últimos denominativos muito valem numa
sociedade presa às aparências e muito pouco ao seu espírito libertador, Normalina os valorizava, não como forma de
competição, mas como uma maneira concreta de mostrar àqueles que não conseguem
abstrair da realidade o significado da
garra, da capacidade, do dinamismo e da beleza de todos aqueles que lutam nem
tanto pela igualdade, mas sobretudo, pelo respeito.
Viver tudo isto nunca foi fácil. Normalina
teve que ser muito forte para criar suas próprias normas de conduta. Numa
sociedade que prega e reforça o desrespeito, teve que aprender a respeitar quem
a desrespeitava, ajudar quem muitas vezes lhe deu as costas, encarar de frente
uma maioria cega que jamais conseguiu lhe enxergar de fato, continuar falando
mesmo sabendo que nem sempre seria ouvida e, sobretudo, dar conta de “ser”
apesar de viver no seio de uma sociedade
que movimenta seus fantoches culturais.
De que maneira
você trata as Normalinas da vida? Impondo as suas próprias normas de conduta
para que pessoas totalmente diferentes de você tenham obrigatoriedade de
segui-las, ou respeitando as diferenças?
Precisamos
parar de pregar a igualdade e passar a pregar o respeito. Se nem os dedos de
uma mão são iguais aos dedos da outra, como pode um ser humano ser igual ao
outro? Até mesmo a igualdade de direitos é relativa. Como pode, por exemplo, um
cego competir em pé de igualdade com um indivíduo que possui a visão perfeita?
Se ao invés da igualdade, investirmos no respeito às particularidades de cada
ser, conseguiremos construir uma sociedade mais justa.
Ser
homossexual é certo ou errado? Quantas pessoas buscam esta resposta... Nunca as
terão, pois homossexualidade não é uma questão de certo ou errado, é
simplesmente uma forma de ser. Muitos diriam: Mas, esta forma de ser não é
correta. Merece ser coibida e punida. Eu, no entanto, diria: A quem esta forma
de ser ameaça? E a quem a heterossexualidade interessa? Não estou com isto fazendo nenhuma apologia à
homossexualidade; estou apenas defendendo uma forma de ser natural que jamais
poderá trazer prejuízos a ninguém, caso seja realmente respeitada.
Ser negro é
certo ou errado? Ser negro é também, simplesmente, mais uma forma de ser. Uma
forma que chegou a custar o preço da escravidão. A quem o negro ameaçava e a
quem a escravidão interessava? Não estou aqui querendo também fazer apologia ao
negro, estou apenas, defendendo uma raça que merece o nosso mais profundo
respeito. É terrível ter que dizer que o negro merece o nosso respeito, pois
isto já deveria ser óbvio e lógico. No entanto, foi necessário criar leis
contra o racismo para que o negro pudesse realmente ser respeitado em nosso
país e em muitas outras nações, consideradas, inclusive, desenvolvidas.
Infelizmente, na ausência de consciência, é necessária a criação de leis para
impor limites. Se não vivemos ainda um momento histórico onde o respeito possa
brotar naturalmente no coração das pessoas, que ele seja então imposto para
preservar a identidade racial, cultural e a moral de alguns grupos étnicos que
até então foram expostos à humilhação e a todo tipo de exploração. A imposição legal não
dissipa o preconceito, mas limita o desrespeito disseminado por ele. O ideal
não é manter a sujeira que o preconceito representa dentro da própria pessoa
que o possui, mas na ausência de outros recursos é bem melhor do que permitir
ao preconceituoso infectar o resto da sociedade com seus conceitos medíocres de
vida.
Quando se fala
em preconceito é comum lembrarmos do
negro e do homossexual, no entanto, o preconceito existe para qualquer pessoa
que saia do padrão eleito como ideal em nossa sociedade ou para pessoas que
diferem de um determinado grupo . Numa sociedade que possui padrões de beleza
calcados na magreza, ser um pouco mais gordo passa a ser um problema. O nosso
olhar também passa a ser diferente para pessoas de grupos étnicos, religiosos,
sociais, culturais diferentes do nosso. Há uma tendência em acharmos melhor
aquilo que se parece conosco e incomodarmos com as diferenças. Diante da
diferença, criamos um conceito numa tentativa de compreendê-la. Nem sempre este
conceito é bom e correto. Na maioria das vezes, é baseado em referências imaturas
e irreais calcadas em experiências negativas com aquele grupo ou em comentários
ouvidos sobre o mesmo. Diante disto, corremos o sério risco de desenvolvermos
não só um conceito errado do grupo como um todo, como também de manifestarmos a
discriminação. O preconceito já é um problema sério que nos afasta de pessoas
que poderiam trazer grandes contribuições para a nossa vida; quando acompanhado
da discriminação, torna-se um problema ainda maior que dissemina o desrespeito.
Será que você
anda sujando o lindo cenário da vida com seu imundo preconceito? Quantas formas
de ser ou de vida são vítimas dele? Se quiseres deixar de ser preconceituoso,
nunca pergunte se algo é certo ou errado, pergunte apenas a si mesmo: A quem ameaça e a quem interessa?
Não lhe darei esta resposta, pois a sua procura no sentido de alcançá-la
determinará a ampliação de sua consciência. Só lhe reservo o direito de saber,
que nesta procura irá se deparar com crenças, dogmas, valores e instituições
poderosas. Se desejas enxergar o que a sujeira tamponou, siga em frente e
interprete a máxima de um grande mestre chamado Jesus que considera o olho a
lâmpada do corpo:
“ A lâmpada do corpo é o olho. Portanto, se
o teu olho estiver são, todo o teu corpo ficará iluminado; mas se teu olho
estiver doente, todo o teu corpo ficará escuro. Pois se a luz que há em ti são
trevas, quão grandes serão as trevas!”
Um ser
preconceituoso jamais se iluminará, pois a sujeira que obscurece a sua visão
não lhe permitirá enxergar a luz no outro onde projeta as suas próprias trevas.
Fomos, desde
criança, treinados a enxergar algumas coisas e a cegarmos para outras. Fomos
treinados a achar algumas coisas belas e outras feias. Fomos educados para
sermos preconceituosos. E neste
condicionamento velado nos afastamos de pessoas e situações que poderiam
contribuir muito para o nossos crescimento pessoal e espiritual. Quantas
pessoas não conseguem ter atração sexual por um negro ou por um pião de obra? Mas,
se o pião de obra e o negro se tornarem poderosos, a visão e o desejo logo mudam
e a atração se manifesta. Aprendemos a desejar. Aprendemos a achar feio aquilo
que a nossa classe social ou étnica não aprecia. Romper com este aprendizado
que se tornou um hábito na vida de muitos não é uma tarefa fácil, exige uma
consciência vigilante.
Ser
preconceituoso é certo ou errado? A consciência moral e ética de muitas pessoas
que se esforçam para destruir o preconceito fora e dentro de si mesmo diria,
com certeza, que é errado e, sobretudo, nojento. No entanto, para quem tem a sua consciência
amputada, dificilmente transitará pelo saber que confere a todos o direito de ser
respeitado. Não dá para exigir que um cego enxergue e um amputado caminhe. O
preconceituoso é, de certa forma, cego e amputado em sua consciência. Cabe a
todos nós respeita-los e ajuda-los a transcender esta deficiência. Sendo assim,
a história abaixo talvez possa elucidar um pouco mais esta questão para quem
insiste em ser cego. E como diz o sábio ditado: “O pior cego é aquele que não
quer enxergar”.
A festa galáctica
À
muitos anos à frente, aconteceu uma festa no universo num planeta chamado
Evolução. Todos os planetas foram convidados para esta festa que foi organizada
pelo grande mestre universal. O intuito deste encontro era favorecer a troca de
experiências e conhecimentos que permitiria um grande salto evolutivo aos
habitantes de todos os planetas. O grande mestre universal sabia que o
relacionamento interplanetário era de suma importância para a expansão da
consciência de todos os seres, por isso, organizou esta festa para promover a
interação e confraternização entre os povos.
Evolução era um planeta com fama de evoluído.
Diante disto, foi escolhido para sediar a festa. Um clima de grande entusiasmo
e orgulho tomou conta de todos os habitantes de Evolução, que passaram a se
sentir superiores em todos os sentidos. Sentiam-se os mais importantes por
terem sido eles os escolhidos, convencendo-se de que poderiam com isso ditar as
regras que imperariam sobre a festa. Determinaram uma seleção rigorosa baseada
em seus preceitos de superioridade.
O povo de um planeta chamado Terra foi um
dos primeiros a serem barrados. Sentindo-se humilhados travaram uma discussão
interessante que vale à pena registrar. Talvez ela sirva de exemplo para o passado
deste povo. A vida dá muitas voltas e tem uma coisa que não falha – a lei da
ação e reação. Toda ação tem uma reação igual e contrária, nem que seja a
milhares de anos depois.
—Por que não podemos entrar? Perguntaram os
terráqueos.
—Tem um espelho ali na entrada. Responderam
os evolutivos com toda ironia.
—Não precisamos de espelhos. Sabemos muito
bem quem somos. Somos seres tão dignos de frequentar esta festa quanto vocês.
Não há nada em nós que nos desabone.
—A aparência de vocês já é um desabono.
Completaram com sarcasmo.
—Somos realmente diferentes de vocês, ou o
contrário, tanto faz. Mas isto não é um motivo para nos separar, pelo
contrário, deveria ser um motivo a mais para nos unir. As diferenças só
acrescentam, jamais subtraem. Desta união poderão nascer novos conhecimentos.
As nossas experiências acrescentariam muitas coisas boas à vida de todos vocês
e vice versa, acreditamos nós.
—Pois nós não acreditamos em nada que esteja
abaixo de nós.
—E desde quando estamos abaixo de vocês? Perguntaram
perplexos os terráqueos.
—Desde sempre! Caso contrário, seriam vocês
os escolhidos para sediar esta festa e não nós.
—Se foram escolhidos, deveriam ser bons
anfitriões ─ Questionou os terráqueos.
—Somos para quem merece e tem cacife para
estar ao nosso lado. Arrogou-se os
Evolutivos.
—Acho que não merecemos mesmo estar ao lado
de vocês. Merecemos muito mais! Finalizaram os terráqueos.
Os terráqueos saíram humilhados daquele
planeta e sem entender como o grande mestre pôde fazer uma escolha tão
insensata. Como um planeta tão preconceituoso poderia sediar uma festa tão
importante? Sendo o preconceito a maior barreira para a confraternização, esta
festa seria, na verdade, uma grande mentira. Revoltados, resolveram, sem nem
mesmo marcar uma audiência, ter uma séria conversa com o grande mestre, a mais
sábia e respeitável criatura do universo.
—Sejam bem vindos! Já esperava por vocês ─
Exclamou o mestre em tom de acolhimento.
—Como poderia estar nos esperando se nem
mesmo marcamos uma audiência com o senhor? Perguntou um dos terráqueos
escolhido para presidir o encontro.
—Esqueceu que estás diante de um grande
vidente? Interferiu, um outro terráqueo
escolhido para acompanhar todo o processo da discussão.
—Não precisamos ser videntes para prever
resultados. Eles estão muito claros, só não vê quem não quer. Fomos barrados na
grande festa de confraternização que está acontecendo em Evolução .O que o
senhor nos diria a este respeito?
—E qual o problema disto para a vida de
vocês. Perguntou o mestre.
—Ora! Fomos humilhados! Eles nos fizeram nos
sentir diferentes.
—Mas, vocês são, de fato, diferentes. Pontuou
o mestre com firmeza.
—Só nos faltava esta! O nosso grande mestre
ter preconceito contra nós. Exclamou com indignação o terráqueo mais revoltado.
—Perceber as diferenças não é sinal de
preconceito. Vocês já evoluíram o suficiente para perceber que as diferenças
são necessárias para mover o mundo e tornar a vida mais interessante.
Justificou o mestre
—Mas eles nos disseram que as nossas
diferenças nos fazem seres piores e menos evoluídos do que eles.
—Onde é que está escrito isto? Perguntou o
grande mestre.
—Em lugar nenhum, Respondeu o terráqueo
convencido.
—Engano seu! Está escrito sim. Interpelou o
mestre.
—Se está escrito é porque eles estão certos.
Temos então que aceitar a inferioridade que nos foi imposta? Indagou o
terráqueo.
—Calma! Nem tudo que está escrito é
verdadeiro, ético ou correto. Quem tem sede de poder será sempre o primeiro a
escrever ou ditar as regras de um jogo. Entendeu agora?
—Verdade! Quantas leis e teorias escritas
por uma minoria perversa serviram apenas para explorar e enfraquecer a
humanidade. Refletiu o terráqueo pensando na longa história de evolução da
consciência do homem.
—E hoje, vocês não se permitem mais serem
ludibriados. Como podem permitir isto logo agora? E, por causa de uma
provocação sem sentido? Desafiou o mestre.
—Não posso entender como pudemos cair nesta
armadilha novamente. Consentiram os terráqueos.
—Por causa do registro da crença de
inferioridade que ainda existe dentro de vocês e que precisa ainda ser limpado.
Esclareceu o mestre
—Mas, tem outra coisa que não entendo...Interrompeu
um dos terráqueos.
—Diga! Proferiu o mestre.
—Por que escolheste um planeta tão
preconceituoso, portanto, sem condições de ser um bom anfitrião para sediar
esta festa?
—Por dois motivos. O primeiro é que eles
precisam muito receber a experiência de outros planetas para evoluírem mais. E,
o segundo é que só se aprende a ser anfitrião vivendo a experiência de sê-lo.
Respondeu sabiamente o mestre.
—Então, eles estão fazendo tudo errado!
—Mas, a oportunidade de evoluir não lhes foi negada.
No passado longínquo, vocês também passaram por esta experiência. O pior é que
vocês tinham preconceitos contra vocês mesmos. Relembrou o mestre.
—Ainda bem que superamos tudo isto, pois
pude sentir na pele o que muitos terráqueos sentiram a milhares de anos atrás.
A sensação de querer fazer parte de um grupo e ser rejeitado é terrível.
—Pior ainda é ter que digerir o desrespeito!
Completou o outro amigo terráqueo.
—Infelizmente, eu tenho um outro compromisso
e não posso continuar mais aqui com vocês. Mas, só para terminar a nossa conversa,
coloquem uma coisa muito importante na cabeça de voces. Tanto o inferno quanto
o paraíso tem a sua clientela própria. Se você mora num paraíso, com certeza
será barrado no inferno.
—Ainda bem que é assim! Respirou, aliviado,
o terráqueo.
E, assim termina mais uma história nossa,
porém futura, prestes a acontecer se a gente tiver consciência suficiente para
escreve-la.
ESPAÇO DE REFLEXÃO
Há muitas
formas de expressarmos o nosso preconceito, algumas vezes de forma direta,
discriminatória e agressiva e outras de forma sutil, velada e sem
discriminação. É fácil identificarmos o preconceito quando ele é expresso claramente
com discriminações desrespeitosas do tipo: “Não me misturo com este tipo de
gente”. No entanto, quando ele é velado ou expresso sem desrespeito fica
difícil identificarmos a sua presença. Para facilitar esta identificação, basta
perceber o nosso constrangimento diante de pessoas vítimas do mesmo ou
atentarmos para colocações do tipo:
OBS: as
reticências abaixo designam as vítimas do preconceito (negro, gordo, gay,
lésbica, pobre, pessoas portadoras de deficiências, inculta, etc)
( ) Ele é ...,mas é gente boa
( ) Ele é..., mas é inteligente e competente
( ) É um... que se deu bem na vida
( ) Ela se casou com um...
( ) Não tenho preconceito, mas não sinto
atração por...
( ) ....é um ser humano também
( ) É um ... bonito
( ) Eu me casaria com um ..., sim.
( ) Cuidado, você pode nascer ... na próxima
encarnação!
( ) Todo ... é complicado!
( ) Ele é tratado com todo respeito, como se
não fosse...
( ) Se eu fosse preconceituoso, eu não teria
tantos amigos ...
DESAFIO
Exercício
e alongamento para a alma
É necessário muita abertura e flexibilidade
para vencer o preconceito:
1)
Identificar o
preconceito em voce. Talvez, este seja o exercício mais difícil, pois pressupõe
alongar a sua consciência sem medo de distender os seus rígidos padrões,
percepções, valores e conceitos da vida
2)
Abrir-se para
se relacionar com grupos ou pessoas que rejeita por puro preconceito. Se
estiver muito encurtado, esta abertura pode ser dolorosa.
3)
Conviver com
estes grupos. Começa aqui a grande malhação. Pode dar uma canseira
significativa se voce não estiver ainda em forma – uma forma acolhedora que lhe
permita vestir o que não lhe cabia antes.
4)
Perceber as
diferenças e as semelhanças. Só o espelho da alma pode lhe mostrar isto sem
distorções. O espelho do ego cria uma distorção preconceituosa.
5)
Aprender com
as diferenças e valoriza-las, ao invés de cair na armadilha de querer provar
quem é melhor ou pior; certo ou errado. Quem chega nesta fase além de
conquistar uma aparência mais bonita, conquista algo mais importante – FORÇA.
6)
ConVIVER ou VIVER com, passa à partir desta fase ser a atividade
preferida e indispensável para se sentir
em forma
BOA DICA
Assista o filme "Orações para Bobby" que retrata o drama enfrentado por uma família tomada pelo fanatismo religioso diante da homossexualidade de um dos filhos. Infelizmente, o amor nem sempre vence a ignorância e o preconceito. Vale à pena assistir! Clique no link abaixo.
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