O BARULHO DO MUNDO
SILENCIA MINHA ALMA
SILÊNCIO VAZIO
REPLETO DE ANGÚSTIA
QUE IMPLODE
ESTRAÇALHANDO MEU CORAÇÃO
QUE AINDA BATE FORTE
PULSANDO DESEJOS DE PAZ
O BARULHO DO MUNDO
ENSURDECE AS MINHAS CERTEZAS
PREENCHENDO-ME COM DÚVIDAS
QUE NÃO QUEREM SE CALAR
REPLETA DO QUE DEVO VOMITAR
SINTO NÁUSEA
DESTE MUNDO LOUCO
QUE DESEJO TRANSFORMAR
NO MEU MUNDO SEM BARULHO
RECANTO DE MINHA ALMA
ESCUTO O SUSSURRO DAS ÁGUAS
O CANTO DOS PÁSSAROS
O ASSOVIO DO VENTO
SILÊNCIO GOSTOSO
REPLETO DE SOM
OM!
A MULTIDÃO NO BARULHO DO MUNDO
SE ESBARRA E TORCE O NARIZ
COM A PRÓPRIA SOMBRA SE ASSOMBRA
ATRAVESSA A RUA
OLHANDO PRO CHÃO
TEMENDO
TROPEÇAR NA PRESSA
QUE FAZ DO
TEMPO
UM CONTRATEMPO
SEM FIM
NO MEU MUNDO SEM BARULHO
NÃO ESCUTO O BARULHO DO MUNDO
O BARULHO AQUI É BOM
BARULHO SEM BARULHO
BARULHO SILENCIOSO
QUE NINA MINHAS ÂNSIAS
ADORMECENDO-ME E FAZENDO-ME DESPERTAR
COM O TOQUE TRANQUILO DO MEU CORAÇÃO
LEVO PARA O
BARULHO DO MUNDO
O SILÊNCIO DO
MEU MUNDO SEM BARULHO
TRANSFORMANDO A
DISTÂNCIA ENTRE ELES
NUMA COMPLEMENTARIEDADE
QUE INCITA MEU
DESEJO DE BIGAMIA
VIVER LÁ E CÁ
COPULANDO COM
OS PRAZERES
QUE SABIAMENTE
CADA UM OFERECE.
O NÓ DO ESTRESSSE
Raul
procurou-me pela segunda vez, encaminhado pelo psiquiatra, para tratar de uma
depressão, consequência de um estresse crônico. Na primeira vez que apareceu ao
meu consultório, não retornou para uma segunda sessão acreditando que
conseguiria se negligenciar por mais algum tempo. Na segunda, chegou totalmente
debilitado acometido por uma depressão, problemas sérios de pressão, disfunção
erétil, disfonia e convalescente de uma cirurgia de redução do
estômago. Raul sempre foi um homem batalhador e muito
ambicioso. O seu lema era vencer todas as batalhas da vida e conquistar, cada
vez mais, território. A vida de Raul se
parecia um pouco com a vida destes países que vivem em guerra. E, como toda
guerra é estressante e deixa marcas profundas, Raul acabou se tornando uma
vítima de si mesmo. Sempre lutou para ganhar território no mundo dos negócios.
Sua munição mais importante eram os incontáveis cursos, transações financeiras,
aquisições imobiliárias, enfim, tudo que pudesse transformá-lo num grande homem
num mundo capitalista. No entanto, quanto mais adquiria, mais despesa contraía,
pois para quem é honesto, tudo que se compra, se paga e tudo que se paga é por
intermédio do dinheiro adquirido através de muito trabalho, às vezes, duro, pesado e competitivo. Raul foi
crescendo e quanto maior se tornava, mais vazio se sentia. Para preencher o seu
vazio, se dedicava ao trabalho com um afinco obsessivo. Colecionava
compromissos, só não tinha compromisso com sua vida pessoal que era um
fracasso. A saúde e a família desabaram-se.
Depois
do desabamento daquilo que esqueceu de construir e preservar, a vida financeira
de Raul também começou a desmoronar. Atolou-se em dívidas e se viu,
repentinamente, ameaçado de perder parte de seu patrimônio. Que saída teria
agora? Teve que decretar falência a si próprio; falência de seus valores, de
seus conceitos, de uma vida que não lhe cabia mais.
Afônico,
sem voz para ser ouvido pelos empregados, esposa e até mesmo por mim, teve que
reaprender uma nova linguagem. Ouvir primeiro a linguagem de seu corpo para
depois resgatar a sua fala foi um grande desafio. Aceitou este e vários outros
desafios importantes, como por exemplo, resgatar valores importantes até então
desprezados e um saudável estilo de vida. Começou a praticar exercícios
físicos, yoga e terapia. Separava tempo para o lazer, família e amigos. O
trabalho e os estudos não deixaram de ser importantes, no entanto, tinham o seu
lugar definido e não ocupavam mais todo o espaço da sua vida. Estruturando-se
de uma maneira diferente, a sua ambição foi diminuindo. Adquirir coisas ou
status já não era mais tão importante. Sabia que ter muitas coisas implicava em
ter muitas despesas e estresse. O que mais queria agora era tranqüilidade e a
prazerosa sensação de sentir profundamente a vida.
Saiu
da guerra com a consciência de que deveria estar sempre vigilante para não ser
reconvocado a lutar como soldado fantoche desta devoradora sociedade
capitalista.
Nem toda história de estresse tem um final
feliz como a de Raul. Já trabalhei histórias com finais trágicos. Nem todo
mundo deseja sair da guerra e aceitar os desafios que Raul aceitou. Alguns
morrem ou enlouquecem como muitos soldados ao voltarem de uma guerra sangrenta.
Há muitas maneiras de se estressar. Talvez
seja necessário definir o que é estresse. O dicionário Aurélio nos dá uma boa
definição: “Conjunto de reações do organismo a agressões de ordem física,
psíquica, infecciosa, e outras, capazes de perturbar-lhe a homeostase”.
O estresse quebra o nosso equilíbrio e a
quebra deste equilíbrio gera uma infinidade de doenças que podem levar,
inclusive, à morte. Ninguém tem depressão, síndrome do pânico, infartos ou uma
série de outras enfermidades sem motivo. Por trás delas há um estresse nem
sempre perceptível, pois muitos insistem em mantê-lo oculto para evitar as
mudanças radicais de vida que lhe serão solicitadas para o resgate da saúde. E
por trás do estresse, existe alguma coisa? Se o estresse já é omitido por
muitos, imaginem esta outra coisa que se esconde por detrás do mesmo. Que coisa
é esta? Talvez seja interessante personificar esta coisa com dois personagens –
o senhor e o escravo.
O escravo está sempre sendo obrigado a
executar tarefas árduas e cansativas nem sempre condizentes com seu real
interesse. É explorado ao máximo e seus direitos e limites totalmente
desrespeitados. O escravo não consegue se impor ou fazer valer a sua vontade,
pois o direito de ter direitos lhe foi negado. Não tem poder de mudar a sua
vida, pois o direito à vida lhe foi recusado. A menos que se torne um marginal
ou um revolucionário, o escravo não tem como fugir da sina que lhe foi imposta.
Basta ao escravo lutar pela sua sobrevivência.
Na nossa sociedade há muitos escravos
embora a escravidão já tenha sido abolida a mais de 100 anos. Esta escravidão
estressa milhões de brasileiros condenados a uma vida desumana. Só o respeito
pela nossa humanidade nos livraria deste estresse. Numa sociedade onde alguns
jogam comida fora e muitos a retiram do lixo; onde alguns possuem dezenas de
moradias e muitos dormem ao alento; onde alguns não encontram no guarda-roupa
espaço para os vestuários e muitos morrem de frio; onde alguns são marajás e
muitos não possuem emprego; onde alguns cursam as melhores escolas do exterior
e muitos não encontram vagas na escola pública; numa sociedade assim, não há
lugar para a tranqüilidade, para o equilíbrio e para a harmonia. Se a
tranqüilidade não encontra seu espaço, a violência há de encontrar facilmente.
O medo da violência, o medo da falta de tudo aquilo que nos é essencial gera um
estresse significativo em todos nós. E, se não sou violentado pela estrutura
desigual e desumana de nossa sociedade, temo, no mínimo, ser violentado pelo
produto marginal que esta estrutura gera.
Os escravos são a maioria; e o senhor? O
senhor é o dono e deseja ser cada vez mais dono de tudo. É dono, inclusive, dos
escravos. Não luta pela sobrevivência, mas luta, incessantemente, para manter o
seu poder e não vir a se tornar um dia escravo de alguém. A sua ambição lhe
permite ampliar as suas posses materiais, mas lhe torna um escravo de um ego
faminto por mais poder. Assim , o senhor
é também escravo e como todo escravo, se
estressa.
Qualquer tipo de escravidão estressa. A
nossa sociedade capitalista criou seus escravos pobres e ricos. Todos eles são
vítimas certas do estresse que gerará incontáveis doenças, que por sua vez,
gerará muito dinheiro para a indústria farmacêutica, para as indústrias
terapêuticas, alimentícias, de lazer e por aí vai. A conta da farmácia, do
analista, do supermercado, da academia vai ficando tão grande a ponto de gerar
um outro estresse: “Como vou pagar tudo isto? Endividei! Socorro!” Contas,
dívidas, faturas, passou a ser a grande preocupação de muitos brasileiros.
Poder pagar as contas no final do mês tornou-se o mais importante e, até mesmo,
o único objetivo de vida para a maioria. “Serei feliz, viverei em paz, serei
respeitado e me sentirei realizado se eu puder pagar as minhas contas.”
Felicidade, paz, realização tem se vinculado ao dinheiro e poucos sabem como
alcançá-las de outra maneira.
O pobre pensa que se ficar rico não terá
mais estresse. Se fosse assim, o rico não estressaria. O dinheiro não é a
solução, no entanto, corremos atrás dele e quanto mais corremos, mais cansados
ficamos. Não quero dizer com isto que o dinheiro não seja importante. Numa
sociedade capitalista ele é fundamental. Precisamos, no entanto, aprender a
administrá-lo. Já é um grande passo aprender a viver com o que temos, ao invés
de viver a incômoda frustração de desejar sempre o que não podemos ter num
determinado momento. Aprender a SER feliz ao invés de procurar TER alguma coisa
para ser feliz é o grande desafio deste próximo milênio.
Não é só a luta pelo dinheiro que
estressa; o progresso também. O progresso trouxe coisas boas, mas a nossa
incompetência para administrá-lo trouxe a todos nós desequilíbrios marcantes.
Somos sufocados pela poluição auditiva, visual e do ar. O excesso de
informações facilitadas por esta era da informática tem deixado o nosso cérebro
maluco sem saber o que deletar. A facilidade de adquirir um meio de transporte
tornou o trânsito nas grandes cidades um caos. Muitos não abrem mão do conforto
do próprio veículo, mesmo que para isto tenham que ficar horas congestionados
num trânsito infernal. Até o lazer pode se tornar estressante. Quantas pessoas
se submetem a engarrafamentos terríveis nas estradas transformando um passeio
que deveria ter sido agradável num final de semana irritante. Outros, tornam-se
vítimas de sérios acidentes em função do estresse que deixa muitos motoristas
irritados, impacientes, intolerantes e consequentemente, imprudentes.
O estresse parece estar por todos os
lados, mas se tomarmos consciência dos mecanismos geradores do mesmo ele não
poderá estar num lugar muito especial: dentro da gente mesmo. A conquista deste
lugar pressupõe uma mudança de consciência. Toda mudança de consciência é um
processo que pode durar décadas ou milênios. A consciência social não depende
apenas de você, por isso é um pouco mais demorada. Mas, nunca se esqueça que
você é parte integrante deste processo. Se você falhar, a transformação se
estagna. No entanto, enquanto você estiver operando esta mudança de consciência
dentro de si mesmo, muitas coisas boas acontecerão. E, o mais importante — a
sua consciência estará tranquila favorecendo seu processo de cura.
Uma vida plena só poderá ser alcançada
quando tomarmos consciência de que não
precisamos ter tudo, saber tudo ou estar em todos os lugares. Precisamos apenas
ter a nós mesmos, saber o que nos é realmente essencial e estar onde se
encontra o nosso coração.
Se você não estendeu como se faz isto, a
historinha do Aquário e do Mar talvez lhe ensine os primeiros passos neste
sentido.
O Aquário e o
Mar
Miúdo, era um peixinho deveras miúdo que morava dentro
de um aquário relativamente grande. Omar era um outro peixinho, não tão miúdo,
mas não tão grande quanto o mar que habitava. Não se sabe como, talvez por
telepatia, os dois travaram, repentinamente, uma interessante conversa.
─Como você suporta viver num lugar tão apertado?
Perguntou Omar incomodado com o habitat de Miúdo.
─Eu é que pergunto. Como é que você tem coragem de
viver num lugar tão grande e cheio de perigos?
─Perigos existem em toda parte. Rebateu Omar.
─Com certeza, mas o perigo aqui é bem menor ─
Sustentou Miúdo ─ Não há nenhum peixe grande que possa me devorar. Continuou.
─ Mas há gatos, crianças maldosas e até mesmo a chance
de seu dono esquecer de lhe alimentar e trocar a sua água. Você já pensou como
seria terrível morrer de fome e numa água totalmente poluída e sem oxigênio?
Ironizou Omar.
─ Da poluição você não está livre. O homem com seus grandes
navios e indústrias poderia também poluir o mar. Você correria o mesmo risco
que corro – Apontando para uma televisão de 40 polegadas bem à frente de seu
aquário, continuou - Já ouvi dezenas de noticiários relatando poluições de rios
e mares que mataram toneladas de peixes. Quando vejo estas notícias agradeço a
Deus pelo meu aquário. Suspirou Miúdo
─Posso até morrer numa situação destas, mas tenho mais
chances de fugir.
─Fugir? Se vocês não dão conta de fugir nem dos anzóis
e das redes... Ironizou Miúdo.
─O fato é todos nós temos que morrer um dia. Pelo
menos eu morrerei sabendo o que é liberdade.
─ E cheio de adrenalina no sangue. Interrompeu, Miúdo,
ironicamente.
─ E você. O que tem neste sangue? Se é que tem algum.
Criticou Omar com severidade.
─ Não precisa apelar! Eu vivo tranquilo sem me preocupar
com os tubarões, anzóis e redes. Procuro também não pensar nos gatos e nem
mesmo numa possível negligência de meu dono. Meus poucos amigos me bastam,
formamos uma bela família e a proteção é tudo que preciso. No meu mundo me
sinto protegido. Nunca me assustei com nada. Vivo constantemente relaxado.
Medito grande parte do dia. Aliás, me sinto um verdadeiro Buda.
─ Buda. Que piada! Não me faça rir. Irrompeu Omar numa
grande gargalhada.
─ Não precisamos de muito para nos sentirmos
iluminados. Precisamos apenas de paz. Ressaltou, Miúdo, gesticulando
tranquilamente as suas nadadeiras.
─A iluminação só acontece para quem é livre. Você não
é e nem mesmo os seus amigos. Olhe a cara de tristeza e desânimo deles. Tem
gente que não quer enxergar a verdade!
─ Muitos são realmente tristes, mas eu me sinto feliz
e o mais importante ─ Sou livre! Você também não consegue enxergar uma verdade
que fuja dos padrões de felicidade estabelecidos por você. Censurou Miúdo
desafiando Omar a pensar mais em seus padrões de vida.
Omar parou pensativo e de certa forma surpreso com a
colocação daquele peixinho, até aquele momento, menosprezado por ele. Nunca
parara para pensar neste assunto. Percebeu que faltava mobilidade em sua mente
para pensar diferente, apesar do amplo espaço que habitava. Era um toque
interessante. Pensou consigo mesmo – Como este peixe que nunca saíra do aquário
podia ter tanta sabedoria? Mas, mesmo admirado, preferiu continuar
desafiando-o.
─Como pode ser
livre preso dentro de um aquário?
─Me sinto livre no meu mundo. Não me sinto
obrigado a estar aqui. Nasci aqui e este é o meu lar. Amo-o acima de tudo. No
seu mundo eu me sentiria aprisionado. Estaria sempre ansioso à espera de um
tubarão ou peixe grande que pudesse me devorar. Nadaria sempre desconfiado
olhando para os lados. Liberdade sem tranquilidade não existe, pois me sentiria
um escravo dos perigos que me rondariam a todo o momento.
─
Mas eu não me sinto um escravo dos perigos. Deve haver algo errado com você.
Nado tranquilamente sem temer os tubarões. Aprendi a me defender nos momentos
em que as situações exigirem e não antes delas acontecerem. Talvez aí, neste
mundinho apertado, onde eu não tivesse para onde fugir ou me esconder, talvez aí,
eu pudesse me sentir inseguro, ansioso e preocupado. Temeria os gatos e até
mesmo a possibilidade de meu aquário se espatifar.
─Eu
também aprendi a agir assim como você, porém aqui no meu mundo. Não temo gatos
e nem mesmo a remota possibilidade do meu aquário explodir.
─Acho
então, que tudo é uma questão de opção de vida. Vivemos bem em mundos
totalmente diferentes. Talvez não tenha um mundo melhor ou pior do que o outro.
Acho que a grande sabedoria é saber viver bem, seja lá onde for; gostar de onde
vivemos sem o incômodo desejo ou obrigação de viver em outro lugar que não seja
o nosso ─ Ou melhor ainda, onde o nosso coração não esteja. Concluiu Omar.
─Pode
ser. Concordou Miúdo
─Então,
estamos quites. Ninguém é mais ou menos feliz do que o outro. Estamos
satisfeitos e é isto que importa. Tenho que admitir que muitos peixes neste
mundo maravilhoso que vivo parecem não enxergar a beleza. Vivem reclamando e
buscando um padrão de vida que não existe aqui e talvez em lugar nenhum.
─Isto
acontece aqui também. Como você mesmo pôde observar, a maioria dos peixes que
vivem dentro deste aquário está triste. Se a possibilidade do mar não existe
para eles, o melhor é aprender a viver bem com aquilo que o aquário oferece. No
entanto, eles parecem não perceber isto.
─Mas,
ás vezes me pergunto se eles não estão certos. Talvez, conseguissem chegar ao
mar se desejassem ardentemente e lutassem para isto.
─A
luta aqui seria improdutiva. Só levaria ao estresse.
─Estresse?
O que é isto?
─Outro
dia assisti um noticiário muito interessante sobre o assunto. Dizem que o
estresse é um distúrbio que nos provoca exaustão e falta e energia.
─Como
isto acontece? Perguntou Omar cheio de curiosidade, pois apesar de nunca ter
ouvido falar deste assunto, já observara muitos peixes em seu mundo com estes
sintomas.
─Deve
ser por insatisfação. Estão sempre buscando, buscando, buscando... Quando
encontram aquilo que buscam, nasce uma outra insatisfação para fazê-los buscar
mais. E assim, viver vai se tornado uma tarefa muito difícil.
─Mas,
viver não é uma tarefa, é uma dádiva. Questionou Omar.
─É
uma dádiva somente para aqueles que conseguem enxergar a fartura que a vida nos
oferece. A maioria só enxerga a falta e vivem buscando algo que possa
preenchê-la. Salientou Miúdo.
─Talvez
por isso consigamos ser felizes em nosso mundo. Estamos satisfeitos com a
fartura que o nosso mundo oferece, apesar de serem dois mundos completamente
diferentes.
─Acho
que não teremos esta doença. Suspirou Miúdo sentindo-se bem aliviado.
─Então
é melhor pararmos a nossa conversa por aqui antes que passemos a desejar o
mundo do outro. Desejo demais estressa! Prefiro me deixar levar pela corrente
do mar, pois nadar contra a maré deixa a gente com uma cara muito feia. Tem um
amigo meu que entortou todo.
─E,
não sou eu que irei criar corrente onde não tem. Nesse meu mundo sem corrente,
o gostoso é se entregar e relaxar nos braços da mãe água. Por isso, estou
sempre de cara boa.
─Agora
eu entendo... Lutar para chegar a lugar nenhum só faria os peixinhos daí agitar
a mãe água. O máximo que conseguiriam seria este tal estresse que você falou.
─È
isto aí. Lembre-se de uma coisa muito importante. O melhor lugar é aqui e
agora.
Repentinamente,
a conversa acabou e eu me vi aqui confusa sem entender como pude presenciar
este bate papo tão proveitoso. Fazendo um grande mergulho nas profundezas de
meu ser, descobri o aquário e o mar dentro de mim. Por alguns minutos fiquei a
pensar qual deles eu habito, mas descobri que eles é que habitam a minha alma.
Por outro lado, descobri também que eles não poderiam estar vazios, assim,
observando um pouco mais, pude encontrar neles, imersos, o meu dia a dia.
ESPAÇO DE
REFLEXÃO
Talvez, você precise fazer muita coisa para prevenir
ou se livrar do estresse. Marque abaixo tudo aquilo que precisa ser cultivado
para que você possa colher uma vida saudável. Perceba cada atitude abaixo como
uma valiosa semente que, se germinada, faz brotar a saúde e o bem estar. Se não
souber como cultivar estas sementes, busque ajuda. Só não continue assumindo uma
postura de negligência para consigo mesmo capaz de transformar sua vida num
terreno árido e improdutivo.
( ) Preciso ter mais compromisso comigo mesmo
( ) Preciso identificar melhor os meus
conflitos ou aquilo que me incomoda
( ) Preciso aprender a expressar meus
sentimentos
( ) Preciso aprender a lidar de forma positiva
com meus sentimentos negativos
( ) Preciso me concentrar no presente
( ) Preciso reconhecer e respeitar os meus
limites
( ) Preciso desenvolver a capacidade de priorizar
( ) Preciso ser mais flexível
( ) Preciso investir na qualidade de vida, valorizando mais minhas
férias e lazer
( ) Preciso fazer exercícios físicos
( ) Preciso exercitar técnicas de relaxamento,
energização e meditação
( ) Preciso fazer exercícios respiratórios
diariamente
( ) Preciso me alongar
( ) Preciso valorizar a minha liberdade
( ) Preciso viver mais a minha afetividade
( ) Preciso viver com mais prazer e qualidade
a minha sexualidade
( ) Preciso estar mais junto de minha família
para melhorar o nosso relacionamento
( ) Preciso conviver mais com meus amigos
( ) Preciso desenvolver algum hobby
( ) Preciso participar de encontros ou
reuniões com grupos de crescimento e diversão
( ) Preciso ser menos ambicioso(a)
( )
Preciso traçar metas de vida mais realistas e menos estressantes
( ) Preciso perceber e valorizar mais os meus
ganhos e progressos
( ) Preciso aprender a lidar com as minhas
perdas, com meus erros e fracassos
( ) Preciso desenvolver alguma atividade que
eu julgue construtiva
( ) Preciso evitar o excesso de informações
negativas
( ) Preciso dormir o suficiente
( ) Preciso de uma alimentação saudável
( ) Preciso me alimentar sem pressa, sentindo
o prazer e o sabor dos alimentos
( ) Preciso frequentemente usar folhas verdes
em minhas refeições
( ) Preciso respeitar os meus hábitos
fisiológicos
( ) Preciso evitar muita exposição a ambientes
artificiais
( ) Preciso me expor ao sol no início da manhã
ou final da tarde
( ) Preciso não ser tão perfeccionista
( ) Preciso evitar aquelas pessoas e ambientes
negativos que me fazem mal
( ) Preciso me desintoxicar (fumo, drogas,
bebidas, medicamentos, cafeína, refrigerante...)
( ) Preciso beber mais água (pelo menos dois
litros por dia)
( )
Preciso dominar a minha ansiedade aprendendo esperar e desacelerar
( ) Preciso ser mais otimista
( ) Preciso diminuir o ritmo e a intensidade
de meus pensamentos
( ) Preciso melhorar o meu humor, não levar
tudo tão a sério
( ) Preciso parar de reclamar e procurar
soluções construtivas para os problemas
( ) Preciso me sintonizar mais com a minha
espiritualidade e poder superior
( ) Preciso ser menos consumista e desejar
menos
( ) Preciso simplificar a vida e não ser tão
exigente
( ) Preciso dizer “NÃO” quando for preciso.
Não querer agradar a todos
( ) Preciso necessitar menos da aprovação do
outro
( ) Preciso valorizar mais o meu trabalho, a
mim e a tudo que faço
( ) Preciso valorizar a vida e as pequenas
coisas que desprezo ou passam desapercebidas
( ) Preciso, sobretudo, agradecer, ao invés de
lamentar
( ) Preciso entender que “preciso” e pedir
ajuda quando for necessário
( ) Preciso começar. Menos cobrança e mais
ação.
DESAFIO
Para
cada alternativa acima marcada, escolha uma semente. Plante cada semente num
vaso e se dedique a ela da mesma forma que voce irá se dedicar a cada atitude
selecionada. Ao cuidar da semente plantada, pense no que ela representa e cuide
também, da representação dela em sua vida. Por exemplo, caso marque – “Preciso
me alongar”- todas as vezes que cuidar
da semente que representa esta atitude, alongue-se. Se alguma semente selecionada por voce não
germinar, provavelmente é porque anda se
esquecendo não só dela, mas sobretudo de si mesmo.