segunda-feira, 22 de julho de 2013

NÓ DO NEGATIVIDADE


DIZEM QUE TRISTEZA DÓI
PRA MIM É PRAZER QUE CORRÓI
DIZEM QUE ALEGRIA ENCANTA
MEU MEDO ELA NÃO ESPANTA

MEU STRESS DÁ STATUS
MEU STATUS, MAL ESTAR
SÓ NÃO SURTO PRA SOFRER MAIS
A LOUCURA É O MEU CAIS

SE CURO, FICO DOENTE
SE ADOEÇO ME SINTO CURADO
MORRER É SEMPRE UM ESTÍMULO
VIVER SÓ SE FOR ACUADO

O DIFÍCIL PRA MIM É TÃO FÁCIL
O FÁCIL TÃO COMPLICADO
SÓ QUERO O QUE NÃO POSSO
SE POSSO ME DESTROÇO

CIÚME PRA MIM É AMOR
AMOR, PAPO FURADO
ME MOVO COM ADRENALINA
RELAXO E ME SINTO CULPADO

NEURA NÃO ME ABANDONE
A CUCA SEM TI ESVAZIA
NO CORAÇÃO INFUNDE
O PRAZER DA TAQUICARDIA



O NÓ DA NEGATIVIDADE


Vicentina tinha sempre uma visão embaçada da vida. Nunca conseguiu ver o mundo com clareza. Suas lentes ampliavam os problemas e ofuscavam as possibilidades. Seu discurso sempre vinha acompanhado de um “mas...” Nunca conseguia elogiar alguém ou alguma situação vivenciada.  Se viajava para um paraíso, tinha sempre um comentário repleto de reticências : “O lugar é lindo, mas...” Seus elogios eram sempre os mesmos: “Ela é uma pessoa linda, mas...” E assim, enumerava uma série de defeitos intermináveis para todos e para tudo. Nunca acreditava que um projeto pudesse dar certo, desde os mais banais passatempos até os projetos profissionais mais importantes. Se marcasse um passeio para o final de semana, pensava sempre em todos os imprevistos que pudessem atrapalha-lo. Diante de tantos problemas fantasiados, acabava, muitas vezes, desistindo de muitos programas e projetos valiosos. Quando alguém lhe contava, entusiasticamente, um projeto de vida, oferecia de volta um sorriso meio torto e todas as possibilidades do projeto não vir a ter êxito. Ela adorava dizer: “Ainda bem que eu consegui fazê-lo enxergar que isso não ia dar certo...” Coitado de quem procurava Vicentina para compartilhar os seus sonhos!
O maior prazer de Vicentina era acompanhar os noticiários mais macabros da TV e dos jornais. Adorava também, reclamar da vida. Não entendia porque as coisas não davam certo em sua vida. Na verdade, não  é que as coisas não dessem certo; a sua forma de encara-las é que estava errada. E, tomada por tanto pessimismo, dificilmente atrairia bons fluidos para si mesma. Se tinha uma dor, imaginava sempre a pior doença. Se sentisse saudável, imaginava todas as doenças assintomáticas que pudessem acometê-la. Desconfiava de tudo e de todos, pois imaginava sempre uma intenção ruim por detrás de todas as situações e de todas as pessoas.
Vicentina procurou a terapia como um muro para suas lamentações. Quando este muro foi demolido, fazendo com que pudesse enxergar além do seu pessimismo, Vicentina interrompeu seu processo terapêutico. Estava viciada na sua negatividade e sem desejos de enfrentar e superar o seu vício. Todos os recursos terapêuticos capazes de ajuda-la eram vistos com descrédito ou algum empecilho era sempre criado para afasta-la da possibilidade de coloca-los em prática em sua vida.
E assim, Vicentina vive a vida, ao lado de um marido exatamente igual a ela. Os dois parecem se sentir nutridos, pois retroalimentam a doença do outro. Parece que o maior passatempo deles, é contar as possíveis desgraças que os espreitam. O mais interessante nesta história é que não consigo ver infelicidade em Vicentina; vejo, por outro lado, um gigantesco prazer em estimular a sua dor. 

O mundo está repleto de Vicentinas. Até o grande mestre Jesus Cristo nos alertou para o olhar das Vicentinas que moram dentro e fora de cada um de nós: “A lâmpada do corpo é o olho. Portanto, se o teu olho estiver são, todo o teu corpo ficará iluminado; mas se o teu olho estiver doente, todo o teu corpo ficará escuro. Pois se a luz que há em ti são trevas, quão grande serão as trevas”.
Tomar cuidado com a nossa sombra é um processo de vigília muito importante. Criar uma mente e um corpo saudável não é uma tarefa fácil para quem se alimenta todos os dias com a tempestade de noticiários ruins veiculados pela TV, pelos jornais, enfim por todos os meios de comunicação. Até mesmo as nossas famosas novelas, tão apreciadas pela grande massa da população, sempre exaltam o lado mais negativo do ser humano. Os personagens psicopatas, sejam das novelas ou dos nossos jornais e revistas, dão muito mais ibope do que as sábias e saudáveis personalidades. Da mesma forma que Vicentina e seu marido se retroalimentam, se há negatividade em abundância dentro de nós, esta negatividade será retroalimentada por estas programações negativas. Sentiremos  o mesmo prazer que Vicentina sente com a sua dor diante da exposição a estes estímulos negativos. Será que você, assim como Vicentina, estará disposta a abrir mão destas situações negativas que alimentam a sua sombra? Será que você já se encontra demasiadamente identificada com suas energias negativas? Muitas vezes, criamos uma identificação maior com nossa sombra do que com o nosso lado luz? É sempre importante pensar: O que ganho mantendo a minha identificação com meu lado sombra? O que perco sendo uma pessoa iluminada? Há quem necessite da negatividade para sentir-se importante e obter atenção. Ser a vítima de tragédias ou uma pessoa doente faz com que muitas pessoas se sintam o centro das atenções. 
Precisamos aprender também a nos defender da negatividade das Vicentinas que nos rodeiam. Quando não for possível se afastar delas, precisamos desenvolver mecanismos de autodefesa. Além de existirem algumas técnicas de limpeza energética a serem efetuadas antes e após o contato com estas pessoas, é sempre  fundamental manter a vigilância para não cair na rede dramática criada por elas. Assista o drama delas sem se tornar personagem deste drama. 
Criamos um campo energético negativo dentro e fora de nós. Quando este campo é muito intenso, atraímos as energias que vibram na mesma frequência, ou seja, atrairemos pessoas e situações negativas e sentiremos, mesmo sem a nossa consciência, uma necessidade mórbida de sermos nutridos por estas cargas negativas. Mudar o nosso foco e curar o nosso olhar será sempre o nosso maior desafio. Apesar de toda negatividade a que estamos expostos, há, na mesma proporção, muita energia positiva. Estamos mais propensos a acreditar que esta energia boa existe numa proporção mínima, pelo fato de estarmos expostos a um altíssimo nível de estímulos negativos.
O vício na negatividade cria em nós vários processos de auto sabotagem. Assim como Vicentina, sabotamos qualquer possibilidade de fazermos a vida dar certo conectando com as coisas erradas. Buscamos e mantemos relacionamentos que nos fazem sofrer, sejam estes  com pessoas ou com situações específicas da vida, tais como trabalhos, profissões, etc. Muitas vezes,  mantemos um relacionamento doentio com a gente mesmo. Insistimos em focar em nossos defeitos, limitações e fracassos, mesmo tendo uma rede de virtudes, possibilidades e conquistas emaranhadas em nosso ser.
Saber ver e conectar faz parte de nosso processo evolutivo. No entanto, não aprendemos ainda a ver com os olhos, imagine com a nossa alma. Ampliamos infinitamente a nossa visão quando enxergamos com o nosso 3º olho ou com a nossa alma. Transcendemos a cegueira ou visão embaçada quando jogamos luz na escuridão ou quando faxinamos a sujeira que nos impede enxergar. Se vejo beleza em mim, sou capaz de ver no outro. Curo, neste processo, a minha inveja. Se vejo possibilidades em mim, sou capaz de ver no outro e no mundo, pois o mundo é uma extensão daquilo que somos. Curamos, neste processo, a nossa desilusão. E assim vai...  Sentimentos bons curam qualquer sentimento ruim. Sentimentos ruins adoecem os bons sentimentos. Se um pode detonar o outro, como funciona esta matemática? Qual deles prevalece? Prevalece a energia que existe em maior proporção dentro da gente. Assim, vence a energia alimentada por nós. Infelizmente, nem sempre alimentamos o que existe de melhor dentro e fora da gente. Matamos de fome muita coisa boa. Então, como poderemos alimentar as nossas energias?
Quando o nosso campo energético é saudável, não sentiremos prazer em conectar com as negatividades que nos são apresentadas no nosso dia a dia. A saúde é o resultado de uma interação positiva com a vida. Mas, será que a saúde é uma base importante para os interesses de mercado? Será que a indústria farmacêutica investiria na saúde e portanto, na veiculação de mensagens positivas? Será que precisaríamos de ansiolíticos e antidepressivos se o nosso campo energético fosse saudável? Como a indústria farmacêutica sobreviveria sem as nossas doenças? A nossa doença é de grande interesse para o mercado. Assim, é mais interessante que este mercado nos repasse informações negativas para estimular em nós aquilo que possa enriquecê-lo: a nossa doença.
Fazer com que nos sintamos mal com a nossa  imagem  é outra forma de favorecer um outro mercado; o horripilante  mercado da beleza. Recebemos imagens de beleza inalcançáveis para que possamos nos frustrar bastante com a nossa imagem real. E, por detrás de todas as propagandas há sempre uma mensagem subliminar dizendo: “Você só será amada, desejada e uma pessoa de êxito se for parecida como a linda imagem que estamos vendendo”. Assim, compramos todos os produtos de beleza que possam nos transformar naquela imagem idealizada. No entanto, esta imagem foi construída em moldes especiais para não ser jamais alcançada. A única coisa que alcançamos são níveis de ansiedade e frustração significativos que nos fazem comprar as pílulas da felicidade, da tranquilidade e da beleza.  O tempo todo somos bombardeados com mensagens subliminares dizendo: “Você não é tão bom quando deveria”. Passamos a criar um campo de insatisfação que fortalece a nossa negatividade, criando um ciclo vicioso que não cessa. Só o alcance de uma consciência mais elevada poderá nos livrar deste ciclo. No entanto, somos estimulados a desenvolver a  consciência de mercado. Nos fantasiamos de senhores para ludibriar as nossas angústias mais profundas, mas somos, na verdade,  escravos de um sistema que finge estar do nosso lado.
Muita gente prefere dizer que é realista ao invés de pessimista. Realismo e pessimismo são duas coisas bem diferentes. Ser realista é ser consciente da realidade e dos fatos em si. Ao  realismo, posso agregar o pessimismo ou o otimismo.  Vou dar um exemplo para ilustrar esta questão. Ter que estudar muito e o acesso a alguns títulos é um fato incontestável para quem deseja passar num concurso que ofereça um cargo de alto salário. Em que parâmetros se baseariam cada discurso? Um discurso realista proporia: “Preciso de todos os  títulos solicitados e de muitas horas de estudo, dentre outras habilidades, para passar no concurso”. A esta realidade posso agregar o meu pessimismo: “Tenho todos os títulos, gosto de estudar, mas não sou capaz; as outras pessoas são melhores do que eu; não tenho sorte; nunca vou passar...” Posso agregar o meu otimismo: “Sou uma pessoa capaz e disciplinada. Tenho todos requisitos e   títulos solicitados. Tenho  ótimas chances de passar neste concurso. Estudarei muito e colocarei nele toda a minha energia. Certamente,  vencerei esta batalha”. Posso agregar também, a esta realidade, as minhas ilusões e fantasias imaturas:  “Eu não tenho os títulos solicitados, os requisitos necessários e nem mesmo energia e desejo de estudar o suficiente. Mas isto não importa; o segredo é : Atraímos tudo aquilo que desejamos e eu simplesmente desejo passar neste concurso. Este cargo, com certeza, é meu”.  
Se deseja criar um campo de energia saudável, agregue não só  otimismo à sua realidade, mas também,  disciplina, entusiasmo, sabedoria e força de vontade. O desejo que atrai a realidade que você almeja viver não pode estar vinculado apenas ao prazer, mas também ao compromisso, à inteligência e à maturidade.  
A  criança é sempre mais positiva. À medida que vai crescendo, vai se impregnando de mensagens negativas repassadas pela família , pelas nossa instituições educativas, religiosas e socioculturais. Cada qual querendo fazer a criança enxergar a seu modo. A este condicionamento, muitos dão o nome de educação. À nossa criança é ensinado coisas do tipo:
·        Ninguém é bom o suficiente, por isso desconfie de todos
·        Voce acertou praticamente tudo, mas esse erro não precisava ter acontecido
·        8 é uma boa nota, mas 10 é bem melhor. Voce não vai conseguir nada se não for 100% em tudo
·        Voce perdeu algumas estrelinhas este mês. Assim , não vai brilhar.
·        Só tem violência neste mundo.
·        Deus vai te castigar
E, por aí vai...  Nossa criança vai sendo violada com um discurso adulto recheado de negatividade. À realidade infantil, precisamos acrescentar otimismo e positividade. Precisamos, sobretudo, agregar uma educação libertadora que preserve e valorize o seu olhar. 
Muitas crianças são educadas por pessoas e por um ambiente extremamente negativo. As bases da personalidade desta criança repousam sobre estas energias perversas. O estímulo repetitivo da negatividade gera um automatismo negativo. Este ser aprende a reagir sempre de forma negativa a todas as situações da vida.   Para tocar um pouquinho mais na criança que existe dentro de ti, saboreie agora a história abaixo.


O Anjo do Jardim


Duca era um anjinho muito especial que ganhou de presente um lindo jardim para cuidar. Dizem que quando ganhamos uma nova vida, ganhamos também um presente bem especial, que possa agradar bastante a nossa alma e deixa-la entusiasmada para viver esta nova experiência.
Deus deu para Duca um jardim repleto de flores de todas as espécies, bem como o poder de entender a linguagem de todas elas. Na sua vida antiga, Duca era um rapaz que vendia flores pelas ruas de uma grande cidade. Vagava pelas ruas agitadas e poluídas, oferecendo a todos o encanto das lindas rosas que vendia. Duca adorava ver o brilho no olhar de quem era presenteado com suas flores especiais. Podia sentir , mais do que o aroma delas, a essência do amor exalando um ar de felicidade no coração de todas as pessoas que recebiam suas rosas. Assim como conseguia sentir e decifrar a essência de todos os sentimentos bons que brotavam no coração das pessoas naquele momento especial, Duca sentia uma enorme vontade de compreender o sentimento das rosas que vendia. O que estariam elas sentindo? O que pensavam? Será que gostavam de estar ali; será que  prefeririam viver no jardim onde nasceram? Infelizmente, Duca teve que passar a sua vida toda sem ter estas respostas e viver com esta frustrante dúvida. O seu maior desejo era compreender a linguagem das flores, mas nem sempre todos os nossos desejos podem ser satisfeitos.
Deus adora nos presentear com aquilo que mais amamos. Ele sabe, mais do que ninguém, nos dar o presente certo, na hora certa. Inicialmente, despertou em Duca o grande desejo de compreender a linguagem das flores. Munido deste desejo, finalmente, deu a ele não só a capacidade de entender e  compreender tudo que as flores diziam e sentiam, bem como, um jardim repleto de todas as espécies de flores do universo. Este era, naquele momento existencial, o melhor presente que Duca poderia receber; ele estava muito feliz e grato pelo mesmo. Agora, poderia ir muito além. A sua relação com as flores seria bem diferente do que estava acostumado. Além de decifrar a sua linguagem, tinha o importante ofício de cuidar de todas elas.
Apesar de toda dádiva recebida, existia ainda algumas limitações; talvez para despertar em Duca outros desejos que pudessem ser realizados no momento certo. Ele não podia ser visto e nem ouvido pelas flores que cuidava. Embora não estivesse ainda apto a receber este novo presente, estava satisfeito com a dádiva que lhe fora oferecida. Duca era um ser muito sábio; ao invés de lamentar o que não tinha, sabia agradecer e usufruir , ao máximo, as dádivas que recebia. Ao nascer para esta nova vida, Duca também se esqueceu de todas as experiências vividas na vida anterior. Vivia profundamente sua experiência nova sem questionar muito o porque de estar ali. Só sabia que amava intensamente o seu jardim e o seu ofício.
Como fora um vendedor de rosas em sua vida passada, adorava ouvir os bate papos de algumas roseiras de seu jardim. Sentava ao lado delas e ficava horas ouvindo as conversas daquelas flores que lhe provocavam um sentimento diferente. Amava todas as flores de seu jardim, mas não conseguia entender porque tinha sempre mais interesse em ouvir as conversas das roseiras. Tudo tem uma explicação, mas naquele momento não cabia a Duca decifrar este enigma; cabia ao mesmo, apenas viver intensamente o presente que lhe fora ofertado. Sendo assim, o anjinho sapiente não desperdiçou nem um minuto deste prazer.
No jardim de Duca, existiam roseiras cujas rosas nunca tivemos a oportunidade de ver por aqui. Além das roseiras que já conhecemos, Duca tinha roseiras que geravam rosas azuis, verdes, pretas, cinzas, douradas, prateadas e até mesmo com todas as cores do arco-íris juntas. Todas as suas roseiras eram batizadas com um nome que se parecesse bastante com elas. Na vida passada, quando vendia rosas, Duca gostava de pintar as rosas brancas com estas cores. Gostava de brincar de Deus, ou seja, de criar rosas que não existiam por aqui. As rosas azuis eram as que ele mais gostava de criar. As cinzas, lhe traziam uma certa melancolia, mas mesmo assim, ele se dava ao trabalho de cria-las, pois além de existir algumas pessoas que se interessavam por elas, tinha um lado seu, embora obscuro, que tinha uma predileção especial por elas.  
Tinha duas roseiras no jardim deste anjinho, que o deixava sempre muito intrigado. Ele ficava impressionado com a sabedoria de uma e a ignorância da outra. Assim como Duca recebeu a dádiva de entender a linguagem das flores, você também receberá, neste momento, esta dádiva. Ouça bem o que as duas roseiras do jardim estavam conversando. Se Deus lhe deu, agora, o poder de ter acesso ao conteúdo desta conversa, provavelmente, alguma coisa boa você pode aprender com ela. Pode ser que você esteja também recebendo este presentinho de Deus.  Portanto, atente-se:
_ Por que você está com esta cara tão boa hoje? Aliás, você está sempre com uma cara de satisfeita... Não consigo lhe entender! Perguntou Cinzinha, uma roseira de rosas cinzas.
_Porque eu não haveria de estar? O dia está lindo e a primavera está chegando. Respondeu Zul, a roseira de rosas azuis.
_Se você reparar bem, tem uma nuvem cinza no céu. Daqui a pouco, ela pode ficar preta e uma tempestade horrível cair sobre nós. Alertou Cinzinha.
_Ah, é apenas uma nuvenzinha bebê! Acho que ela não tem este poder todo, não... Precisa crescer muito para gerar a força de uma tempestade. O céu está todo azul, assim como as rosas que desabrocharão em mim na primavera que está tão próxima. Já consigo sentir a energia dela, embora eu goste muito também do inverno. Vou até sentir saudades dele quando ele partir. Mas, sei que ele volta todos os anos e a expectativa de sua chegada traz desejos bons dentro da gente. Ponderou Zul com alegria.
_Só se for dentro de você, porque em mim só traz arrepios. Detesto este frio todo! Falou Cinzinha com sua face enrugada e encolhendo suas folhinhas como se estivesse se protegendo.
_Mas, é no inverno que nos interiorizamos para produzir com afinco o que vamos parir na primavera; nossas mais lindas rosas. Alegou Zul.
_Lindas! Só se for as suas. A gente nem sempre tem o poder de parir as melhores rosas deste jardim. Confesso que fico, muitas vezes, bem decepcionada com algumas rosas que desabrocham em mim. Reclamou Cinzinha denotando ares de muita insatisfação.
_Pois, eu fico sempre muito satisfeita com as minhas rosas. Elas são fruto do que eu pude dar de melhor em mim. É a representação genuína de minha energia; na verdade, a materialização de minha própria energia.
Antes que pudesse continuar falando, foi interrompida por Cinzinha.
_Você é muito ingênua mesmo! Tudo você acha lindo! Precisa ser mais realista. Você pode até não gostar do que eu vou lhe falar, mas acho que você está precisando de um toque de realidade. Você gera muita rosa feia e de baixíssima qualidade. Expressou, Cinzinha, seu ponto de vista exalando muita arrogância e agressividade.
Nem este comentário desagradável de Cinzinha teve o poder de abalar Zul. Pelo contrário, a roseira se reergueu ainda mais e com ar de realeza interpelou a amiga.
_Tudo bem! Este é o seu ponto de vista e precisa ser respeitado. No entanto, jamais verei com seus olhos. Tenho os meus olhos vivos e cheio de luz. É com meus olhos que gosto de ver a vida e tudo que faço. Fui  agraciada por Deus com olhos de luz, não preciso do olhar de ninguém para enxergar profundamente a vida. Pegar emprestado o olhar do outro para ver o que seu próprio olhar pode ver, é tornar-se cego mesmo tendo a dádiva da visão. Para mim, você não vê o mundo de forma realista. Vê de forma pessimista. Procura o feio e a negatividade em tudo. Eu, por outro lado,  procuro rechear o meu bolo com otimismo. Argumentou Zul.
_Já vem você falando em metáforas... Discordo de você e não entendi o que quis dizer com esta história de bolo. Dá para explicar melhor? Solicitou Cinzinha com escárnio.   
_Pois não! A realidade é o bolo. O bolo pode ficar mais gostoso e bonito se o rechearmos com otimismo. Podemos também estragar nosso bolo se o rechearmos com este pessimismo que você produz com tanta abundância dentro de ti. Alertou Zul com doçura para não ferir a amiga com suas palavras.
_Você está querendo me dizer que sou um bolo estragado? Perguntou Cinzinha com indignação.
_De jeito nenhum! Você é vida e a vida é o bolo. Você tem o poder de recheá-lo como quiser. Talvez, precise  aprender alguma receitas novas.
_Pois saiba, que estou muito satisfeita com as minhas receitas. E, não me interesso nem um pouco pelas suas. Como você mesma disse, não desejo ver o mundo com seus olhos. Impugnou Cinzinha.
_Tudo bem! Procure apenas ficar alerta para uma coisa. Atentou Zul.  
_Já vem você com suas alertas idiotas! Você está sempre me alertando para as coisas boas ao nosso redor. Não precisamos de alerta para as coisas boas. Precisamos nos alertar para as coisas ruins, pois só elas podem nos causar danos. Contestou Cinzinha.
_Verdade! Mas a ausência de coisas boas na vida nos causam também danos irreparáveis. Por isso, é preciso enxergar. Só temos aquilo que enxergamos. Só teremos coisas boas se pudermos enxerga-las.
Foi mais uma vez interrompida por Cinzinha que expressou-se com arrogância:
_Chega de papo furado! Mas...Qual era mesmo a alerta que você quis me dizer? Perguntou Cinzinha querendo denotar desinteresse, embora estivesse interessadíssima no assunto.
_Quer mesmo saber? Perguntou Zul.
_Quero sim. Embora eu saiba de antemão, que não me interessarei por este assunto; sou, no máximo, curiosa. Diga!
Zul deu um sorriso singelo procurando palavras que pudessem mostrar para Cinzinha aquilo que ela se negava enxergar.
_Veja sempre com seus olhos, mas certifique-se se a tua visão não está sendo prejudicada por alguma lente muito escura,  suja ou embaçada que você possa estar usando sem perceber. Aliás, tem muitos seres que colocam em nós estas lentes. Geralmente fazem isto quando estamos dormindo. Sem perceber, passamos a enxergar o mundo do jeito que eles querem, achando que estamos vendo o mundo com os nossos olhos.
Cinzinha calou-se e ficou pensativa. Pela primeira vez não retrucou a amiga. Conseguiu fazer uma coisa que não estava acostumada; conseguiu refletir. A sua reflexão trouxe clareza. Parece que a reflexão é uma boa flanela para desembaçar e tirar a poeira de nossas lentes.  
O tempo passou  trazendo a primavera e todas as outras estações. Pela primeira vez, alguma coisa diferente parecia estar acontecendo com Cinzinha; ela não reclamava tanto mais. Aliás, a cada estação, trocava não só ideias, mas muita energia com Zul. Parece que estas trocas foram deixando Cinzinha diferente. Ela foi ficando cada vez mais bonita e tornou-se capaz de admirar todas as rosas que produzia. Nunca mais os pulgões e pragas acolheram-se em suas folhas. De repente, deixou de ser uma morada especial para os mesmos. Ela que vivia doente, agora estava sempre viçosa.
Os problemas e dificuldades não deixaram de existir para Zul e Cinzinha que se tornaram duas almas gêmeas. Apenas, a forma de encara-los e  enfrenta-los é que mudou radicalmente. E, isto fazia toda a diferença.
Daquela união cada vez mais forte , nasceu entre elas uma roseirinha bebê. Quando as rosas desta roseira desabrocharam pela primeira vez, encantaram os olhos do mundo. Eram rosas muito diferentes, de uma tonalidade distinta; um cinza azulado ou para quem preferir, um azul meio acinzentado. Dizem que o perfume destas rosas estimulava o nosso terceiro olho, o nosso ajna chakra, um centro poderoso de energia presente em todos nós.
Quanto a Duca, viveu ali muitos anos, feliz de poder ser o anjo das flores. Descobriu que as rosas preferem viver nas roseiras do que em buquês. Mas, descobriu também que elas não se importam de serem colhidas para uma boa causa.  Quando um problema mais sério surgia para elas, Duca dava sempre a sua mãozinha angelical e as coisas acabam sempre ficando mais fáceis. É por isso que Zul e Cinzinha sempre falava para sua filhinha:
_Quando as coisas parecerem muito difíceis e complicadas, pede para seu anjinho que ele dá um jeito.



ESPAÇO DE REFLEXÃO


Para eliminar a negatividade, precisamos aprender a refletir e eliminar a nossa tendência viciosa a reclamar e lamentar os fatos. Saber tirar proveito de todas as nossas vivências, por mais dolorosas que sejam,  é um ato de sabedoria que favorece a nossa evolução pessoal.
Reflita, agora, acerca de uma situação dolorosa para que você possa cessar o seu ciclo de perdas e ganhar alguma coisa com ela.
Faça uma perguntinha simples e básica para si mesmo:
“O que eu descobri e aprendi com esta experiência?”
 Todas as vezes que descobrimos e aprendemos algo, estamos agregando valores à nossa vida. Evoluímos.


DESAFIO


No final do dia de hoje, agregue à sua realidade doses de otimismo. Procure perceber as mudanças que este ingrediente produz no dia vivido.
Depois disto, faça o mesmo procedimento no início de cada novo dia a ser vivido por ti. Comece cada dia dizendo: Este dia vai ser muito especial. Aprenderei muita coisa boa com ele e ensinarei muita coisa boa a todos que compartilharem este dia comigo.