domingo, 30 de dezembro de 2012

NÓ DA FAMA





QUERO NAVEGAR
NESTE MAR DE ESTRELAS.
PUXE A ÂNCORA
CHEGOU A HORA.
SUBMERSO EM MIM,
ESTOU PRONTO PARA SUBIR,
FAZER PARTE DA TRIPULAÇÃO DOS ASTROS,
COMANDAR OS MASTROS
DESTE NAVIO ESTRELAR
QUE NAVEGA SOBRE ESTE MAR DE LUZ.
NÃO QUERO SER A ESTRELA ALFA,
NEM MESMO A MAIS ALTA.
NÃO QUERO SER PIRATA,
LADRÃO DE ESTRELAS,
NEM MESMO MAGNATA.
SÓ QUERO FAZER PARTE
DA TRIPULAÇÃO DOS ASTROS.
BRILHAR, BRILHAR, BRILHAR...
DEPOIS DE NAVEGAR
O INFINITO SEM CESSAR,
DESCANSO PROCURAR.
VOLTANDO COMO ESTRELA
CADENTE E RELUZENTE,
DE LUZ ME ALIMENTAR.
NO MÓBILE ILUMINADO
POR DEUS CONFECCIONADO
SER EU A SUPERESTAR
SHOW CÓSMICO.
SOU CÓSMICO.



O NÓ DA FAMA


O que Humberto mais desejava era ser famoso. Dotado de uma excelente vocação artística, enveredou-se pelo difícil caminho das artes. Entretanto, ser famoso era mais importante do que ser artista e, muitas vezes, esquecia-se de sê-lo, tamanha sua preocupação com os aplausos que ansiava receber. Chegou a receber muitos, mas insuficientes para satisfazer o seu vício pela fama. Mesmo tendo se tornado um artista com reconhecido talento e recebido inúmeras gratificações e premiações neste sentido, Humberto não se sentia satisfeito; um grande vazio preenchia seu peito provocando uma angústia sem fim. Quanto maior a sua obsessão por fama, maior o seu vazio. A vida foi generosa e  lhe deu dinheiro, amores, uma família unida, competência, enfim, o suficiente para qualquer pessoa ser muito feliz. No entanto, Humberto não era como “qualquer pessoa”, era, na verdade, uma pessoa diferente que não se contentava com o suficiente.  A ilusão de que a fama pudesse lhe tornar  uma pessoa melhor só intensificava a sua baixa auto-estima. O desejo doentio de ser famoso devorava o sucesso que já possuía, alimentando, apenas, um incômodo sentimento de falta. Humberto passou dos 60 anos e ainda não se encontrou. Vive procurando algo perdido dentro dele. Ele tem certeza que é a fama que não alcançou ainda. Eu, por outro lado, acho que ele não encontrou o mais importante: “ele mesmo”.

Será que ser famoso é tão prazeroso assim? O prazer da fama pode ser passageiro. A fama em longo prazo pode se tornar um pesadelo. Corre-se o risco de perder a liberdade, a paz, a identidade, passando a ser reconhecido e amado pelo personagem que representa e não pela pessoa que se é. Tornar-se um produto da idealização do outro é extremamente desgastante. Vestir a roupa da perfeição e da idealização para ser valorizado e querido é um ultraje a si mesmo. Travestir-se, escondendo a sua verdadeira essência, pode fazer com que você se perca no labirinto de um ego que se infla a cada elogio e paparicação; um ego doentio que sufoca sua alma.
Para os imaturos, a fama pode se tornar um vício de difícil superação, uma verdadeira droga a qual o sujeito, reduzido à condição de objeto, jamais conseguirá se separar. Os viciados em fama são capazes de se prostituir para manter o seu estrelato. Não me refiro aqui à prostituição do corpo, mas sim, à prostituição da alma, do talento e da verdadeira missão a qual o indivíduo se propunha antes de macular a sua honra em prol do dinheiro e do reconhecimento público.
Sucesso não sustenta os carentes e as vítimas de uma baixa autoestima. Só a fama é capaz de saciá-los. Verdadeiros glutões de reconhecimento, devoram todas as oportunidades de aparecerem em público, por mais indigestas que possam ser estas. Passam, muitas vezes, uma vida inteira admirando a sua própria imagem idealizada e se esquecem de conhecer e curtir aquilo que são realmente. Focados no próprio ego, não conseguem enxergar o próximo. Esta cegueira lhes dificulta ganhar tudo aquilo que o outro poderia oferecer.
Dar conta da fama pressupõe muita maturidade. Ser famoso sem ser sufocado e devorado por um ego faminto e sem ser vampirizado pelos egos alheios é uma tarefa, muitas vezes, penosa. A pessoa famosa encarna o personagem que todos gostariam de viver e que, na verdade, nem ela própria dá conta de ser. É o produto que a sociedade vende num determinado momento. É a fantasia coletiva e, algumas vezes, o desejo de quem não dá conta de si mesmo. Nem sempre a fama anda de mãos dadas com o sucesso. Não raramente, pessoas famosas são mal sucedidas; não é incomum que muitas chegam a desenvolver fortes crises depressivas, meter-se em encrencas e em alguns casos tirar a própria vida. Frente a estas situações, o público assustado e confuso se pergunta: “Como pode acontecer tamanhos infortúnios a uma pessoa tão brilhante?” A resposta é simples: por falta de maturidade, só não conseguiu brilhar para si mesma, afogou-se nas próprias trevas.
Por outro lado, a fama é inevitável para muitas outras pessoas de sucesso. A maturidade é muito importante para que saibam administrá-la não deixando que a fama roube do seu ser o brilho de uma vida plena e livre. Todo vício é uma prisão. Se a fama é um dos seus, esforce-se para separar dele para que você jamais precise se separar daquilo que você realmente é. E, se deseja encontrar o seu verdadeiro brilho, talvez a história abaixo possa ajudar.



O VERDADEIRO BRILHO


Era uma vez um jovem muito rico e bem sucedido. Era um verdadeiro sucesso como ser humano. A única coisa que não possuía era fama, mas, nem por isso, se sentia subtraído, tamanha sua abastança. A sua riqueza só lhe proporcionava mais riqueza e um sentimento de abundância nutria sempre o seu ser. Adorava usufruí-la no enorme supermercado de um belo lugar chamado vida. Ao entrar neste hipermercado, o seu sonho de consumo se concretizava. Pegava o carrinho e dentro do mesmo ia colocando tudo que o seu orçamento lhe permitia adquirir. Sempre escolhia os produtos indispensáveis ao seu precioso desenvolvimento.  Ansiava tornar-se, no futuro, um sábio mestre, sendo, portanto, necessária uma rica dieta de bons sentimentos. Começava sempre pela prateleira do amor, que parecia ser o produto que mais gostava, pois ao encher o carrinho com o mesmo, o seu coração palpitava de emoção só de pensar nos diversos sabores inusitados que experimentaria naquela semana. A paz era, também, um ingrediente que jamais deixava faltar; adorava a sensação que ela ofertava à sua vida assim que era saboreada. Criatividade era o tempero que mais apreciava, já que podia usá-la em vários pratos, até mesmo nos banquetes amorosos. E, assim, ia enchendo o carrinho com muitos outros ingredientes e produtos indispensáveis, cuja falta poderia transformá-lo num desnutrido e medíocre ser, dentre eles: o respeito, a confiança, a liberdade, a verdade, a autenticidade, a alegria, a sabedoria, a determinação, a coragem, a disciplina, honestidade, enfim, muitos outros, todos eles fundamentais ao seu desenvolvimento.
         Certo dia, passando pela ala considerada a mais tentadora do hipermercado, deparou-se com uma prateleira recheada de um produto chamado fama, até então desconhecido para ele. Explorando-o, pensou: _“Talvez ele seja bem saboroso. A propaganda do mesmo é bem tentadora e oferece uma felicidade bem diferente daquela a qual estou acostumado. Esta outra felicidade me parece mais interessante”...
Observando atentamente o rótulo do produto, continuou:
_“A sensação de poder que ele oferece deve ser, com certeza, magnífica. Interessante!...Ele nos oferta um mundo mais colorido do que o mundo em  que vivo”.
O simples fato de acessar este pensamento foi suficiente para que o mundo maravilhoso que vivia fosse, gradativamente, se transformando num cenário sem brilho e sem cor. A fama lhe prometia um mundo repleto de brilhantismo. Desta forma, sem pestanejar, resolveu adquiri-la a todo custo. No entanto, o seu preço era alto. A riqueza que possuía não era suficiente para bancar a posse da mesma. A única solução era abrir mão de muitos produtos, até poucos minutos atrás, indispensáveis em sua vida. Diante daquela propaganda tentadora, começou a pensar que muitos deles talvez não fossem tão importantes assim. Não se deu muito ao trabalho de pensar qual produto seria dispensado para ceder lugar à fama, pois sabia que para adquiri-la teria que abrir mão de quase tudo que possuía. O melhor mesmo era não pensar muito para não correr o risco de desenvolver um conflito de consciência. “Deixar a ilusão comandar é um ótimo recurso para quem não quer enxergar”. Deixar-se ser levado por aquela propaganda maravilhosa, lhe oferecia, naquele momento, maior segurança.  Para não se sentir subtraído e com a consciência pesada, apelou a Deus Pai. Orou e fez diante do mesmo a promessa de que iria experimentá-la a todo custo e que a abnegação de todas as riquezas que tinha anteriormente era, com certeza, uma grande virtude. Chegou a desenvolver a certeza de que Deus Pai desejava vê-lo nutrido por ela. Munido desta crença, sentiu-se mais seguro e certo de estar trilhando o melhor caminho. Abandonou o seu carrinho e levou em suas mãos o leve pote da tão cobiçada fama que viria, futuramente, se tornar pesado demais para quem, um dia, conheceu profundamente a leveza de uma vida plena.
Inicialmente, as primeiras refeições foram, de fato, magníficas e saborosas. Eram verdadeiros banquetes compartilhados apenas com pessoas que valorizavam a sofisticação. No entanto, sofisticação todo dia enjoa. Com o passar do tempo, sentiu saudade do trivial, daquelas refeições básicas e simples. Aquela salada de simplicidade, tão nutritiva, nunca mais foi apreciada pelo seu paladar. Não havia mais tempo para prepará-la. Seu tempo, agora, era todo dedicado a coisas bem complexas. A fama lhe deu em excesso uma coisa chamada dinheiro que usava para adquirir o amor, a paz, a alegria, o respeito, dentre muitos outros alimentos que havia perdido. No entanto, com o uso inadequado do mesmo, o máximo que conseguia adquirir eram produtos falsos ou fora do prazo de validade, que o intoxicavam ao invés de nutri-lo. Paralelamente, foi devorado por um mal estar que transformou a tão desejada fama numa náusea que lhe provocava uma insuportável ressaca na consciência.
O que estava acontecendo? Por que tudo havia se transformado? Perguntas e mais perguntas sem respostas tomavam conta de sua mente, até que um dia resolveu parar para refletir melhor. Parou diante do hipermercado da vida que algum tempo atrás lhe proporcionava tanto prazer. Lembrou dos tempos passados, dos seus carrinhos abarrotados e sentiu saudade. Agora, apenas a fama lhe bastava. Será? Como poderia lhe bastar se estava se sentindo tão vazio? ─ vazio e pesado. Diante de suas divagações, presenciou invejado, saindo do hipermercado, um senhor que aparentava uma felicidade contagiante. Curiosamente, o seu carrinho, além de possuir todos os produtos que tanto valorizou no passado, carregava junto a tão complicada fama. “Esse senhor deve ser muito rico”─ pensou. E, ele ali se sentindo tão pobre! Nunca se sentira assim. Teve coragem de se aproximar para perguntar algo que lhe parecia, até então, praticamente impossível de acontecer. Como um ser humano conseguiria coordenar tudo aquilo em suas refeições? Fama não combinava com tudo aquilo que se encontrava naquele carrinho. Apontando o dedo para o produto que julgava ser a fama, perguntou curioso:
—Como pôde adquiri-la juntamente com todos estes produtos? E como conseguirá prepará-los ao mesmo tempo? Eu não saberia coordenar tudo isto. O senhor além de rico deve ser também muito sábio.
Serenamente, o senhor lhe respondeu:
—Nem sempre é necessário ser rico. Basta ser um bom freguês deste hipermercado da vida, que a gente acaba ganhando o sucesso como brinde.
—Sucesso? Perguntou surpreso.
—Sucesso. Reafirmou o senhor. Por que espantaste tanto?
—Confundi sucesso com  fama.
—De fato, a embalagem é bem parecida, mas o conteúdo é totalmente diferente. Esclareceu o senhor oferecendo-lhe o produto para que pudesse explorá-lo melhor.
O jovem, depois de manuseá-lo bastante, prosseguiu questionando:
—Mas, eu já fui um bom freguês e nunca ganhei o sucesso como brinde.
—Impossível! Todo bom freguês recebe o sucesso como brinde. Provavelmente, não foi paciente o suficiente para esperar as promoções e oportunidades especiais, ou talvez, não tenha dado crédito e nem mesmo enxergado e percebido o sucesso em meio a tudo que possuía.
—Mas, por que eu teria ficado tão cego assim?
—O desejo de ter brilho em excesso, muitas vezes, ofusca os nossos olhos. Elucidou o senhor que parecia mais um sábio fazendo uma leitura da alma daquele jovem.
—Preciso então aprender a enxergar.
—Enxergar o sucesso e tirar as vendas que a fama colocou em seus olhos. É preciso ter cuidado com ela. Muitos ficam cegos mesmo antes de adquiri-la. Só o desejo de tê-la já tira de muitos a capacidade de enxergar e valorizar aquilo que se tem.
—O senhor tem razão. Mas, será que eu conseguiria viver agora sem ela?
—Só você poderá avaliar isto. Não conseguiria viver feliz sem ela?
—Eu já vivi, mas depois que conheci a propaganda deste produto parece que me viciei nele. Fiquei, de certa forma, obcecado pela ideia de possuí-lo. Possuindo-o, me perdi. Não era bem este sabor que eu buscava, apesar de ter me viciado nele.
Aquele sábio senhor tentando consolá-lo e estimulá-lo a redirecionar sua vida, ofereceu ao mesmo algumas proposições pessoais:
—Eu, particularmente, me sustento com o sucesso. Não preciso do mundo babando aos meus pés para sentir-me talentoso.
—Mas, ninguém vive só de talento. Precisamos do dinheiro para viver, e ele me é dado através da fama que conquistei. Contestou o jovem.
—E desde quando só conseguimos dinheiro adquirindo fama?
—Eu sou um artista, e não há como um artista ganhar dinheiro sem ser famoso.
—Isto é muito relativo. Depende muito da quantidade de dinheiro que você quer ganhar e da forma como você deseja expressar o seu talento para o mundo.
Obstinado pelo dinheiro e pela fama o jovem continuou. Parecia não conseguir ouvir muito bem o precioso ensinamento contido nas entrelinhas do discurso daquele sábio senhor.
—Como uma pessoa pode ganhar dinheiro sem ter a fama como sua aliada?
—Conheço muitas que ganham. Conquistam estabilidade, não são conhecidas pelo mundo, mas são reconhecidas em seu mundo. Basta ampliarmos cada vez mais o nosso espaço de atuação. Ampliando-o, o nosso reconhecimento vai ficando cada vez maior.  Mesmo que não nos tornemos um fenômeno, tornaremos, no mínimo, uma pessoa muito especial para aquelas pessoas que realmente vale à pena ser especial. É neste momento que o sucesso se torna inevitável.
—Como é que se amplia o próprio espaço? Perguntou o jovem.
—Aliando-se ao trabalho. E, o verdadeiro trabalho exige amor, vocação, determinação, disciplina, confiança, respeito, liberdade, criatividade, coragem e honestidade, acima de tudo.
—Dá para explicar isto melhor?
—Com certeza! Primeiro, é necessário amarmos aquilo que fazemos para desejarmos, no fundo de nossa alma, investirmos no caminho que nos propusemos seguir. Amando, a gente se dispõe a enfrentar todas as dificuldades, até mesmo a falta de dinheiro e ausência de fama. Com todo este amor, cultivamos a determinação de seguir em frente e não desistir diante das dificuldades que, com certeza, surgirão para nos colocar à prova, ou seja, para nos certificarmos que estamos mesmo no caminho certo. Se continuarmos seguindo, mesmo diante delas, é porque este é realmente o nosso caminho. Determinados, criamos a disciplina necessária para coordenar os nossos esforços e não perdermos tanta energia. Com isso, vamos ganhando confiança e a credibilidade de que seremos capazes de transpor obstáculos cada vez maiores. Passamos, então, a nos respeitar mais, pois enxergamos o quanto somos dedicados e esforçados. Neste momento, começamos a nos sentir um sucesso para com a gente mesmo e para com as pessoas mais próximas que acompanham o nosso dinamismo. Os aplausos virão muito mais de dentro do nosso coração do que dos grandes teatros que existem fora da gente. As pessoas que nos amam, que nos conhecem um pouquinho mais, também nos aplaudirá. Poderemos até nos sentir um pouquinho vaidosos, uma vaidade, até certo ponto, gostosa de sentir. Só precisamos tomar cuidado para não deixar que ela cresça demais, a ponto de ansiar pela fama e não se sustentar mais com todo o sucesso que teremos adquirido. Tomando estes cuidados, seguiremos em frente com a nossa dedicação e esforço. Às vezes, poderemos nos sentir um pouco cansados. Com isso, passaremos a respeitar não só a nossa potencialidade diante da vida, mas também os nossos limites. Iremos adquirir a sabedoria de que precisamos nos poupar para não perdermos a tão preciosa energia que nos mantêm vivos e capazes de trabalhar.  Perceberemos que somos livres para nos doar a vida ou a morte. E, se nos respeitarmos, optaremos, inevitavelmente, pela vida. De posse da liberdade e da confiança em nós, desejaremos ser criativos para que possamos expressar a nossa mais profunda autenticidade. Para sermos autênticos é fundamental ter muita coragem. Coragem para criar o nosso próprio produto ao invés de nos transformar num mero produto massificado pelos interesses de quem tem fome de poder. Aliás, neste momento, muitos se prostituem para obter a fama a todo custo.  Quem não se prostitui, toma consciência daquilo que se é realmente, não se permite jamais ser desonesto consigo ou com o outro. Automaticamente, toma conhecimento de uma lei que jamais falha.
Antes que o sábio senhor pudesse prosseguir, o jovem perguntou exalando curiosidade:
—Qual?
—A lei da ação e reação. “Toda ação tem uma reação igual e contrária. “Conscientes, jamais seremos capazes de fazer mal ao outro e nem mesmo a nós mesmos para conquistar os nossos objetivos. Talvez, neste momento, a gente cumpra fielmente a nossa missão nesta vida. E, algum dia, quando formos desapropriados de toda a matéria que nos foi emprestada, poderemos, finalmente, apropriarmos da verdadeira luz e brilho que sempre sonhamos e que cultivamos ao longo de nossa vida. Por isso, as crianças acreditam que viramos estrela quando partimos. Creio que esta seja a única estrela que realmente valha à pena se transformar.
—Acho que entendi. Parece-me que adquiri a mercadoria errada nos últimos anos. Inicialmente, estava indo pelo caminho certo, mas diante da primeira provação abandonei o meu carrinho. Preciso me apropriar de tudo que abandonei.
Finalmente, aquele jovem pareceu ter ouvido a voz do seu coração. Quando estamos surdos para ele, os nossos anjos se utilizam da voz de outros seres para que o nosso coração possa falar através deles. Até então, aquele jovem amordaçava a sua alma ouvindo apenas   o que o seu inflado ego ansiava e ditava. Com muita ternura em seu olhar e dando as mãos para uma criança assustada e abandonada dentro de si, olhou, finalmente, para o sábio senhor e disse:
—Quando eu crescer quero ser como o senhor.
O jovem continuou a sua caminhada buscando agora uma nova rota. Não buscou mais o sabor que o mundo de brilhantismo determinava, mas sim o sabor do mundo que o seu brilho interior necessitava para jamais se ofuscar



ESPAÇO DE REFLEXÃO



Será que você é daqueles que confunde fama com sucesso?  Se deseja o sucesso, viver conforme as diretrizes abaixo pode lhe trazer alguns problemas. No entanto, se busca a fama, não há nada de errado em se posicionar assim. É bom  lembrar que não é certo e nem mesmo errado buscar o sucesso ou a fama. A diferença reside apenas no preço que se quer pagar por cada um.


(  ) Desejo ser o centro das atenções
(  ) A simplicidade me incomoda
(  ) Abro mão da minha privacidade
(  ) Quero ser notícia
(  ) A tranquilidade me entedia
(  ) Quero agitação
(  ) “Aparecer” é o meu lema
(  ) Sou mais atraído pela superficialidade
(  )Fanatismo me dá prazer
(  ) Quero ser um ídolo, não me basta ser uma pessoa comum
(  ) Quero ser desejado e admirado por todos
(  ) Desejo ser invejado
(  ) Fico frustrado quando sou apenas valorizado; preciso ser supervalorizado
(  ) O mais importante não é o significado de minha obra, mas o brilho que ela pode  alcançar
(  ) Me sinto importante apenas quando sou bajulado e paparicado
(  ) A minha imagem é mais importante do que aquilo que sou, de fato
(  ) Quero ser um ídolo para jamais correr o risco de ser esquecido
(  ) Não me basta ser amado, preciso ser venerado
(  ) Meço o meu poder pelo grau de paixão que deixa o outro cego por mim


DESAFIO


Ser famoso sem perder a essência. Ter brilho sem ofuscar a sua visão. Ser amado sem precisar da veneração. Ser você mesmo e vestir uma roupa que caiba a sua alma. A fama sustentada por estes alicerces não abala estruturas.