QUERO NAVEGAR
NESTE MAR DE ESTRELAS.
PUXE A ÂNCORA
CHEGOU A HORA.
SUBMERSO EM MIM,
ESTOU PRONTO PARA SUBIR,
FAZER PARTE DA TRIPULAÇÃO DOS ASTROS,
COMANDAR OS MASTROS
DESTE NAVIO ESTRELAR
QUE NAVEGA SOBRE ESTE MAR DE LUZ.
NÃO QUERO SER A ESTRELA ALFA,
NEM MESMO A MAIS ALTA.
NÃO QUERO SER PIRATA,
LADRÃO DE ESTRELAS,
NEM MESMO MAGNATA.
SÓ QUERO FAZER PARTE
DA TRIPULAÇÃO DOS ASTROS.
BRILHAR, BRILHAR, BRILHAR...
DEPOIS DE NAVEGAR
O INFINITO SEM CESSAR,
DESCANSO PROCURAR.
VOLTANDO COMO ESTRELA
CADENTE E RELUZENTE,
DE LUZ ME ALIMENTAR.
NO MÓBILE ILUMINADO
POR DEUS CONFECCIONADO
SER EU A SUPERESTAR
SHOW CÓSMICO.
SOU CÓSMICO.
O NÓ DA
FAMA
O que
Humberto mais desejava era ser famoso. Dotado de uma excelente vocação
artística, enveredou-se pelo difícil caminho das artes. Entretanto, ser famoso
era mais importante do que ser artista e, muitas vezes, esquecia-se de sê-lo,
tamanha sua preocupação com os aplausos que ansiava receber. Chegou a receber
muitos, mas insuficientes para satisfazer o seu vício pela fama. Mesmo tendo se
tornado um artista com reconhecido talento e recebido inúmeras gratificações e
premiações neste sentido, Humberto não se sentia satisfeito; um grande vazio
preenchia seu peito provocando uma angústia sem fim. Quanto maior a sua
obsessão por fama, maior o seu vazio. A vida foi generosa e lhe deu dinheiro, amores, uma família unida,
competência, enfim, o suficiente para qualquer pessoa ser muito feliz. No
entanto, Humberto não era como “qualquer pessoa”, era, na verdade, uma pessoa
diferente que não se contentava com o suficiente. A ilusão de que a fama pudesse lhe tornar uma pessoa melhor só intensificava a sua baixa
auto-estima. O desejo doentio de ser famoso devorava o sucesso que já possuía,
alimentando, apenas, um incômodo sentimento de falta. Humberto passou dos 60
anos e ainda não se encontrou. Vive procurando algo perdido dentro dele. Ele
tem certeza que é a fama que não alcançou ainda. Eu, por outro lado, acho que
ele não encontrou o mais importante: “ele mesmo”.
Será que ser famoso é tão prazeroso assim? O prazer da
fama pode ser passageiro. A fama em longo prazo pode se tornar um pesadelo.
Corre-se o risco de perder a liberdade, a paz, a identidade, passando a ser
reconhecido e amado pelo personagem que representa e não pela pessoa que se é.
Tornar-se um produto da idealização do outro é extremamente desgastante. Vestir
a roupa da perfeição e da idealização para ser valorizado e querido é um
ultraje a si mesmo. Travestir-se, escondendo a sua verdadeira essência, pode
fazer com que você se perca no labirinto de um ego que se infla a cada elogio e
paparicação; um ego doentio que sufoca sua alma.
Para os imaturos, a fama pode se tornar um vício de
difícil superação, uma verdadeira droga a qual o sujeito, reduzido à condição
de objeto, jamais conseguirá se separar. Os viciados em fama são capazes de se
prostituir para manter o seu estrelato. Não me refiro aqui à prostituição do
corpo, mas sim, à prostituição da alma, do talento e da verdadeira missão a qual
o indivíduo se propunha antes de macular a sua honra em prol do dinheiro e do
reconhecimento público.
Sucesso não sustenta os carentes e as vítimas de uma
baixa autoestima. Só a fama é capaz de saciá-los. Verdadeiros glutões de
reconhecimento, devoram todas as oportunidades de aparecerem em público, por
mais indigestas que possam ser estas. Passam, muitas vezes, uma vida inteira
admirando a sua própria imagem idealizada e se esquecem de conhecer e curtir
aquilo que são realmente. Focados no próprio ego, não conseguem enxergar o
próximo. Esta cegueira lhes dificulta ganhar tudo aquilo que o outro poderia
oferecer.
Dar conta da fama pressupõe muita maturidade. Ser
famoso sem ser sufocado e devorado por um ego faminto e sem ser vampirizado
pelos egos alheios é uma tarefa, muitas vezes, penosa. A pessoa famosa encarna
o personagem que todos gostariam de viver e que, na verdade, nem ela própria dá
conta de ser. É o produto que a sociedade vende num determinado momento. É a
fantasia coletiva e, algumas vezes, o desejo de quem não dá conta de si mesmo.
Nem sempre a fama anda de mãos dadas com o sucesso. Não raramente, pessoas
famosas são mal sucedidas; não é incomum que muitas chegam a desenvolver fortes
crises depressivas, meter-se em encrencas e em alguns casos tirar a própria
vida. Frente a estas situações, o público assustado e confuso se pergunta:
“Como pode acontecer tamanhos infortúnios a uma pessoa tão brilhante?” A
resposta é simples: por falta de maturidade, só não conseguiu brilhar para si
mesma, afogou-se nas próprias trevas.
Por outro lado, a fama é inevitável para muitas outras
pessoas de sucesso. A maturidade é muito importante para que saibam
administrá-la não deixando que a fama roube do seu ser o brilho de uma vida
plena e livre. Todo vício é uma prisão. Se a fama é um dos seus, esforce-se
para separar dele para que você jamais precise se separar daquilo que você
realmente é. E, se deseja encontrar o seu verdadeiro brilho, talvez a história
abaixo possa ajudar.
O VERDADEIRO BRILHO
Era uma vez
um jovem muito rico e bem sucedido. Era um verdadeiro sucesso como ser humano.
A única coisa que não possuía era fama, mas, nem por isso, se sentia subtraído,
tamanha sua abastança. A sua riqueza só lhe proporcionava mais riqueza e um
sentimento de abundância nutria sempre o seu ser. Adorava usufruí-la no enorme
supermercado de um belo lugar chamado vida. Ao entrar neste hipermercado, o seu
sonho de consumo se concretizava. Pegava o carrinho e dentro do mesmo ia
colocando tudo que o seu orçamento lhe permitia adquirir. Sempre escolhia os
produtos indispensáveis ao seu precioso desenvolvimento. Ansiava tornar-se, no futuro, um sábio
mestre, sendo, portanto, necessária uma rica dieta de bons sentimentos.
Começava sempre pela prateleira do amor, que parecia ser o produto que mais
gostava, pois ao encher o carrinho com o mesmo, o seu coração palpitava de
emoção só de pensar nos diversos sabores inusitados que experimentaria naquela
semana. A paz era, também, um ingrediente que jamais deixava faltar; adorava a
sensação que ela ofertava à sua vida assim que era saboreada. Criatividade era
o tempero que mais apreciava, já que podia usá-la em vários pratos, até mesmo
nos banquetes amorosos. E, assim, ia enchendo o carrinho com muitos outros
ingredientes e produtos indispensáveis, cuja falta poderia transformá-lo num
desnutrido e medíocre ser, dentre eles: o respeito, a confiança, a liberdade, a
verdade, a autenticidade, a alegria, a sabedoria, a determinação, a coragem, a
disciplina, honestidade, enfim, muitos outros, todos eles fundamentais ao seu
desenvolvimento.
Certo dia, passando pela ala considerada
a mais tentadora do hipermercado, deparou-se com uma prateleira recheada de um
produto chamado fama, até então desconhecido para ele. Explorando-o, pensou: _“Talvez
ele seja bem saboroso. A propaganda do mesmo é bem tentadora e oferece uma
felicidade bem diferente daquela a qual estou acostumado. Esta outra felicidade
me parece mais interessante”...
Observando
atentamente o rótulo do produto, continuou:
_“A sensação de poder que ele oferece
deve ser, com certeza, magnífica. Interessante!...Ele nos oferta um mundo mais
colorido do que o mundo em que vivo”.
O simples
fato de acessar este pensamento foi suficiente para que o mundo maravilhoso que
vivia fosse, gradativamente, se transformando num cenário sem brilho e sem cor.
A fama lhe prometia um mundo repleto de brilhantismo. Desta forma, sem
pestanejar, resolveu adquiri-la a todo custo. No entanto, o seu preço era alto.
A riqueza que possuía não era suficiente para bancar a posse da mesma. A única
solução era abrir mão de muitos produtos, até poucos minutos atrás,
indispensáveis em sua vida. Diante daquela propaganda tentadora, começou a
pensar que muitos deles talvez não fossem tão importantes assim. Não se deu
muito ao trabalho de pensar qual produto seria dispensado para ceder lugar à
fama, pois sabia que para adquiri-la teria que abrir mão de quase tudo que
possuía. O melhor mesmo era não pensar muito para não correr o risco de
desenvolver um conflito de consciência. “Deixar a ilusão comandar é um ótimo
recurso para quem não quer enxergar”. Deixar-se ser levado por aquela
propaganda maravilhosa, lhe oferecia, naquele momento, maior segurança. Para não se sentir subtraído e com a
consciência pesada, apelou a Deus Pai. Orou e fez diante do mesmo a promessa de
que iria experimentá-la a todo custo e que a abnegação de todas as riquezas que
tinha anteriormente era, com certeza, uma grande virtude. Chegou a desenvolver
a certeza de que Deus Pai desejava vê-lo nutrido por ela. Munido desta crença,
sentiu-se mais seguro e certo de estar trilhando o melhor caminho. Abandonou o
seu carrinho e levou em suas mãos o leve pote da tão cobiçada fama que viria,
futuramente, se tornar pesado demais para quem, um dia, conheceu profundamente
a leveza de uma vida plena.
Inicialmente,
as primeiras refeições foram, de fato, magníficas e saborosas. Eram verdadeiros
banquetes compartilhados apenas com pessoas que valorizavam a sofisticação. No
entanto, sofisticação todo dia enjoa. Com o passar do tempo, sentiu saudade do
trivial, daquelas refeições básicas e simples. Aquela salada de simplicidade,
tão nutritiva, nunca mais foi apreciada pelo seu paladar. Não havia mais tempo
para prepará-la. Seu tempo, agora, era todo dedicado a coisas bem complexas. A
fama lhe deu em excesso uma coisa chamada dinheiro que usava para adquirir o
amor, a paz, a alegria, o respeito, dentre muitos outros alimentos que havia
perdido. No entanto, com o uso inadequado do mesmo, o máximo que conseguia
adquirir eram produtos falsos ou fora do prazo de validade, que o intoxicavam
ao invés de nutri-lo. Paralelamente, foi devorado por um mal estar que
transformou a tão desejada fama numa náusea que lhe provocava uma insuportável
ressaca na consciência.
O que estava acontecendo?
Por que tudo havia se transformado? Perguntas e mais perguntas sem respostas
tomavam conta de sua mente, até que um dia resolveu parar para refletir melhor.
Parou diante do hipermercado da vida que algum tempo atrás lhe proporcionava
tanto prazer. Lembrou dos tempos passados, dos seus carrinhos abarrotados e
sentiu saudade. Agora, apenas a fama lhe bastava. Será? Como poderia lhe bastar
se estava se sentindo tão vazio? ─ vazio e pesado. Diante de suas divagações,
presenciou invejado, saindo do hipermercado, um senhor que aparentava uma
felicidade contagiante. Curiosamente, o seu carrinho, além de possuir todos os
produtos que tanto valorizou no passado, carregava junto a tão complicada fama.
“Esse senhor deve ser muito rico”─ pensou. E, ele ali se sentindo tão pobre!
Nunca se sentira assim. Teve coragem de se aproximar para perguntar algo que
lhe parecia, até então, praticamente impossível de acontecer. Como um ser
humano conseguiria coordenar tudo aquilo em suas refeições? Fama não combinava
com tudo aquilo que se encontrava naquele carrinho. Apontando o dedo para o
produto que julgava ser a fama, perguntou curioso:
—Como pôde
adquiri-la juntamente com todos estes produtos? E como conseguirá prepará-los
ao mesmo tempo? Eu não saberia coordenar tudo isto. O senhor além de rico deve
ser também muito sábio.
Serenamente,
o senhor lhe respondeu:
—Nem sempre é
necessário ser rico. Basta ser um bom freguês deste hipermercado da vida, que a
gente acaba ganhando o sucesso como brinde.
—Sucesso?
Perguntou surpreso.
—Sucesso.
Reafirmou o senhor. Por que espantaste tanto?
—Confundi sucesso
com fama.
—De fato, a
embalagem é bem parecida, mas o conteúdo é totalmente diferente. Esclareceu o
senhor oferecendo-lhe o produto para que pudesse explorá-lo melhor.
O jovem,
depois de manuseá-lo bastante, prosseguiu questionando:
—Mas, eu já
fui um bom freguês e nunca ganhei o sucesso como brinde.
—Impossível!
Todo bom freguês recebe o sucesso como brinde. Provavelmente, não foi paciente
o suficiente para esperar as promoções e oportunidades especiais, ou talvez,
não tenha dado crédito e nem mesmo enxergado e percebido o sucesso em meio a
tudo que possuía.
—Mas, por que
eu teria ficado tão cego assim?
—O desejo de
ter brilho em excesso, muitas vezes, ofusca os nossos olhos. Elucidou o senhor
que parecia mais um sábio fazendo uma leitura da alma daquele jovem.
—Preciso
então aprender a enxergar.
—Enxergar o
sucesso e tirar as vendas que a fama colocou em seus olhos. É preciso ter
cuidado com ela. Muitos ficam cegos mesmo antes de adquiri-la. Só o desejo de
tê-la já tira de muitos a capacidade de enxergar e valorizar aquilo que se tem.
—O senhor tem
razão. Mas, será que eu conseguiria viver agora sem ela?
—Só você
poderá avaliar isto. Não conseguiria viver feliz sem ela?
—Eu já vivi,
mas depois que conheci a propaganda deste produto parece que me viciei nele.
Fiquei, de certa forma, obcecado pela ideia de possuí-lo. Possuindo-o, me
perdi. Não era bem este sabor que eu buscava, apesar de ter me viciado nele.
Aquele sábio
senhor tentando consolá-lo e estimulá-lo a redirecionar sua vida, ofereceu ao
mesmo algumas proposições pessoais:
—Eu,
particularmente, me sustento com o sucesso. Não preciso do mundo babando aos
meus pés para sentir-me talentoso.
—Mas, ninguém
vive só de talento. Precisamos do dinheiro para viver, e ele me é dado através
da fama que conquistei. Contestou o jovem.
—E desde
quando só conseguimos dinheiro adquirindo fama?
—Eu sou um
artista, e não há como um artista ganhar dinheiro sem ser famoso.
—Isto é muito
relativo. Depende muito da quantidade de dinheiro que você quer ganhar e da
forma como você deseja expressar o seu talento para o mundo.
Obstinado
pelo dinheiro e pela fama o jovem continuou. Parecia não conseguir ouvir muito
bem o precioso ensinamento contido nas entrelinhas do discurso daquele sábio
senhor.
—Como uma
pessoa pode ganhar dinheiro sem ter a fama como sua aliada?
—Conheço
muitas que ganham. Conquistam estabilidade, não são conhecidas pelo mundo, mas
são reconhecidas em seu mundo. Basta ampliarmos cada vez mais o nosso espaço de
atuação. Ampliando-o, o nosso reconhecimento vai ficando cada vez maior. Mesmo que não nos tornemos um fenômeno,
tornaremos, no mínimo, uma pessoa muito especial para aquelas pessoas que
realmente vale à pena ser especial. É neste momento que o sucesso se torna
inevitável.
—Como é que
se amplia o próprio espaço? Perguntou o jovem.
—Aliando-se
ao trabalho. E, o verdadeiro trabalho exige amor, vocação, determinação,
disciplina, confiança, respeito, liberdade, criatividade, coragem e
honestidade, acima de tudo.
—Dá para
explicar isto melhor?
—Com certeza!
Primeiro, é necessário amarmos aquilo que fazemos para desejarmos, no fundo de
nossa alma, investirmos no caminho que nos propusemos seguir. Amando, a gente
se dispõe a enfrentar todas as dificuldades, até mesmo a falta de dinheiro e
ausência de fama. Com todo este amor, cultivamos a determinação de seguir em
frente e não desistir diante das dificuldades que, com certeza, surgirão para
nos colocar à prova, ou seja, para nos certificarmos que estamos mesmo no
caminho certo. Se continuarmos seguindo, mesmo diante delas, é porque este é
realmente o nosso caminho. Determinados, criamos a disciplina necessária para
coordenar os nossos esforços e não perdermos tanta energia. Com isso, vamos
ganhando confiança e a credibilidade de que seremos capazes de transpor
obstáculos cada vez maiores. Passamos, então, a nos respeitar mais, pois
enxergamos o quanto somos dedicados e esforçados. Neste momento, começamos a
nos sentir um sucesso para com a gente mesmo e para com as pessoas mais
próximas que acompanham o nosso dinamismo. Os aplausos virão muito mais de
dentro do nosso coração do que dos grandes teatros que existem fora da gente.
As pessoas que nos amam, que nos conhecem um pouquinho mais, também nos
aplaudirá. Poderemos até nos sentir um pouquinho vaidosos, uma vaidade, até
certo ponto, gostosa de sentir. Só precisamos tomar cuidado para não deixar que
ela cresça demais, a ponto de ansiar pela fama e não se sustentar mais com todo
o sucesso que teremos adquirido. Tomando estes cuidados, seguiremos em frente
com a nossa dedicação e esforço. Às vezes, poderemos nos sentir um pouco
cansados. Com isso, passaremos a respeitar não só a nossa potencialidade diante
da vida, mas também os nossos limites. Iremos adquirir a sabedoria de que
precisamos nos poupar para não perdermos a tão preciosa energia que nos mantêm
vivos e capazes de trabalhar. Perceberemos
que somos livres para nos doar a vida ou a morte. E, se nos respeitarmos,
optaremos, inevitavelmente, pela vida. De posse da liberdade e da confiança em
nós, desejaremos ser criativos para que possamos expressar a nossa mais
profunda autenticidade. Para sermos autênticos é fundamental ter muita coragem.
Coragem para criar o nosso próprio produto ao invés de nos transformar num mero
produto massificado pelos interesses de quem tem fome de poder. Aliás, neste
momento, muitos se prostituem para obter a fama a todo custo. Quem não se prostitui, toma consciência
daquilo que se é realmente, não se permite jamais ser desonesto consigo ou com
o outro. Automaticamente, toma conhecimento de uma lei que jamais falha.
Antes que o
sábio senhor pudesse prosseguir, o jovem perguntou exalando curiosidade:
—Qual?
—A lei da
ação e reação. “Toda ação tem uma reação igual e contrária. “Conscientes,
jamais seremos capazes de fazer mal ao outro e nem mesmo a nós mesmos para
conquistar os nossos objetivos. Talvez, neste momento, a gente cumpra fielmente
a nossa missão nesta vida. E, algum dia, quando formos desapropriados de toda a
matéria que nos foi emprestada, poderemos, finalmente, apropriarmos da
verdadeira luz e brilho que sempre sonhamos e que cultivamos ao longo de nossa
vida. Por isso, as crianças acreditam que viramos estrela quando partimos.
Creio que esta seja a única estrela que realmente valha à pena se transformar.
—Acho que
entendi. Parece-me que adquiri a mercadoria errada nos últimos anos.
Inicialmente, estava indo pelo caminho certo, mas diante da primeira provação
abandonei o meu carrinho. Preciso me apropriar de tudo que abandonei.
Finalmente,
aquele jovem pareceu ter ouvido a voz do seu coração. Quando estamos surdos
para ele, os nossos anjos se utilizam da voz de outros seres para que o nosso
coração possa falar através deles. Até então, aquele jovem amordaçava a sua
alma ouvindo apenas o que o seu inflado
ego ansiava e ditava. Com muita ternura em seu olhar e dando as mãos para uma
criança assustada e abandonada dentro de si, olhou, finalmente, para o sábio
senhor e disse:
—Quando eu
crescer quero ser como o senhor.
O jovem
continuou a sua caminhada buscando agora uma nova rota. Não buscou mais o sabor
que o mundo de brilhantismo determinava, mas sim o sabor do mundo que o seu
brilho interior necessitava para jamais se ofuscar
ESPAÇO DE
REFLEXÃO
Será que você é daqueles que confunde fama com sucesso?
Se deseja o sucesso, viver conforme as
diretrizes abaixo pode lhe trazer alguns problemas. No entanto, se busca a
fama, não há nada de errado em se posicionar assim. É bom lembrar que não é certo e nem mesmo errado
buscar o sucesso ou a fama. A diferença reside apenas no preço que se quer
pagar por cada um.
( ) Desejo ser
o centro das atenções
( ) A
simplicidade me incomoda
( ) Abro mão da
minha privacidade
( ) Quero ser
notícia
( ) A tranquilidade
me entedia
( ) Quero
agitação
( ) “Aparecer”
é o meu lema
( ) Sou mais
atraído pela superficialidade
( )Fanatismo me
dá prazer
( ) Quero ser
um ídolo, não me basta ser uma pessoa comum
( ) Quero ser
desejado e admirado por todos
( ) Desejo ser
invejado
( ) Fico
frustrado quando sou apenas valorizado; preciso ser supervalorizado
( ) O mais
importante não é o significado de minha obra, mas o brilho que ela pode alcançar
( ) Me sinto
importante apenas quando sou bajulado e paparicado
( ) A minha imagem
é mais importante do que aquilo que sou, de fato
( ) Quero ser
um ídolo para jamais correr o risco de ser esquecido
( ) Não me
basta ser amado, preciso ser venerado
( ) Meço o meu
poder pelo grau de paixão que deixa o outro cego por mim
DESAFIO
Ser famoso
sem perder a essência. Ter brilho sem ofuscar a sua visão. Ser amado sem
precisar da veneração. Ser você mesmo e vestir uma roupa que caiba a sua alma. A
fama sustentada por estes alicerces não abala estruturas.