SE EU SOUBESSE DIZER A VERDADE
EU NÃO JUSTIFICARIA NADA
EU NÃO DARIA DESCULPAS
EU NÃO INVENTARIA HISTÓRIAS
EU SIMPLESMENTE DIRIA
AQUILO QUE SEI E ACREDITO
QUE PODERIA NÃO SER A DITA VERDADE
PODERIA ATÉ SER UMA GRANDE MENTIRA
EXPRESSA COM A MELHOR INTENÇÃO
DE UM CORAÇÃO QUE MESMO ENGANADO
NÃO DESEJARIA NUNCA
ENGANAR NINGUÉM
NO ENTANTO...
EU NÃO SOUBE DIZER A VERDADE
FANTASIEI MINHAS MENTIRAS
COM UMA VERDADE QUE ANSIEI SER
MINHA
VERDADE QUE NÃO CONSTRUÍ
POR NÃO TER A MATÉRIA PRIMA PARA
ERGUÊ-LA
VERDADE DESTRUÍDA PELO MEU MEDO
MEDO DE PERDER-TE
MEDO DE PERDER O MEU CHÃO
QUE AGORA FALTA-ME
ROUBANDO O MEU
E O SEU EQUILÍBRIO
QUISERA, EU
SER VERDADEIRO
QUISERA EU SER EU
EU VERDADEIRO
UM EU QUE VOCE NÃO CONHECEU
PARA QUE VOCE PUDESSE SER
UM SER QUE NÃO CONHECI
QUIS MANIPULAR O SEU DESTINO
MAIS DO QUE ISTO, A SUA VIDA
CONSTRUIR A MEU MODO SUA HISTÓRIA
QUIS SER DEUS
ACABEI SENDO O DIABO
NÃO DEIXE QUE MINHA MENTIRA
TE INFERNIZE
EXPULSANDO-O DO SEU PARAÍSO
VIVA A SUA VERDADE
LIBERTE-SE ATRAVÉS DELA
ROGO A DEUS
A VERDADE QUE LHE NEGUEI
ROGO A TI
O PERDÃO
POR TER ROUBADO PARTE DE SUA
HISTÓRIA
QUE AGORA É TODA SUA
LÍMPIDA E CRISTALINA
NÃO MENTI POR AMOR
MENTI POR MEDO
FALTOU-ME SABEDORIA
JAMAIS O AMOR
QUE SUFOCADO PELO MEDO
APRISIONOU A VERDADE
QUE
A TI PERTENCIA
NA CLAUSURA DA MENTIRA
A VERDADE FICOU ATÉ ONTEM
HOJE, SE LIBERTOU
AGORA, É TODA SUA
USUFRUA ESTE NOVO SABOR
O SABOR DA NOVA HISTÓRIA
TEMPERADA PELA VERDADE
TRARÁ INICIALMENTE
ESTRANHEZA AO SEU PALADAR
NÃO SEI SE AMARGA
AZEDA OU PICANTE
NÃO SEI SE SALGADA
OU ADOCICADA DEMAIS
SÓ SEI QUE TEM GOSTO
A PRINCÍPIO DESGOSTO
MAS, UM GOSTO COM GOSTO
CAPAZ DE APURAR
O SEU PALADAR
TRANSFORME-SE
TRANSFORME A MINHA FRAQUEZA
ALIMENTADA PELA MENTIRA
EM ALGO MAIOR QUE ELA MESMA
TRANSFORME A HISTÓRIA
QUE EU NÃO SOUBE TRANSFORMAR
EM ALGO MAIOR QUE A MENTIRA
QUE A NUTRIU, ENVENENANDO-A
TRANSFORME TUDO QUE NÃO VALEU À
PENA
NUMA PENA QUE VALHA SER MAIS
SER MAIS VOCE MESMO
APESAR DE TUDO
O
NÓ DA MENTIRA
Calipso
adorava mentir, pois a verdade sempre fora dura demais para ele enfrentar.
Fruto de uma mentira, Calipso nunca conseguiu compreender a sua verdadeira
identidade. Tinha sempre a impressão de ser algo que, na verdade, não era. Era
produto de uma relação incestuosa do tio com a mãe, embora não tivesse acesso a
esta verdade. Tinha uma história de vida, no entanto, mal contada. Precisa
acreditar na versão contada pelos familiares de que a mãe não sabia quem era
seu pai. A mãe morreu quando ele era
ainda um bebe. Vítima da loucura e de um câncer, jamais pode contar a sua
versão ao filho. Pressionada por uma família tradicional e religiosa, será que
contaria?
A história de Calipso cheirava algo proibido.
Desde pequeno foi educado a jamais entrar no terreno proibido de sua verdadeira
história. No entanto, sentia um impulso genuíno pelo proibido que lhe fora
proibido conhecer. Se a verdade era o terreno proibido, melhor adentrar no
terreno das mentiras para não criar problemas.
Calipso
criava as mais loucas histórias, ora para se sentir aceito, ora para se sentir
mais valorizado, ora para se safar das maluquices que aprontava. Até ser
desmascarado, a maioria das pessoas acreditava nas suas histórias mentirosas.
Sabia mentir, como ninguém, afinal fez mestrado e doutorado em mentira na
escola fundada pela própria família. Sentia também, um certo prazer em mentir
para a família. Talvez, quisesse, inconscientemente, puni-la, usando o mesmo
veneno utilizado por esta. O mais engraçado é que a família se achava no
direito de se irritar e se surpreender com as mentiras de Calipso. Enxergava as
mentiras do mesmo, mas não enxergava as suas próprias.
Assim
que eu tive acesso à verdade de Calipso, este nunca mais retornou a terapia. A
família deu um jeito de poupa-lo mais uma vez de sua verdadeira história. O
motivo do afastamento de Calipso, justificado por uma tia, fazia parte da
coleção de mentiras do álbum familiar. Não sei o que aconteceu com Calipso, só
sei que foi morar e estudar numa outra cidade bem distante. Quanto mais
distante ele ficasse da verdade, melhor para a família que desejava preservar a
imagem de família bem estruturada. No entanto, para preservar esta imagem,
Calipso foi sacrificado e mostrava a sua desestrutura nas mentiras que contava
e nas loucuras que aprontava. Perdeu, com o tempo, a credibilidade das pessoas.
Tornou-se, assim como a mãe que enlouqueceu, o bode expiatório das loucuras de
uma família perversa. Não sei se Calipso enlouqueceu ou vai enlouquecer um dia;
só sei que, assim como todo louco, jamais viveu a realidade; era,
suficientemente, criativo para criar as mais alucinantes histórias que pudessem
encobrir a sua própria e dar mais sentido e um toque de prazer na sua
realidade.
Existem mentiras de todos os tamanhos. A
de Calipso era grande demais, pois o privava
da própria história e da própria identidade. Este tipo de mentira,
destrói uma vida ou a torna, no mínimo, confusa e complicada; difícil de viver.
O indivíduo tem a impressão de não pertencer à própria história. Sente-se
desalojado de si mesmo e sem chão. Quando a realidade que desenha a nossa
história nos é negada, perdemos o nosso chão. Uma pessoa sem chão, flutua; está
sempre dispersa, alheia ao mundo e àquilo que deveria viver. Está sempre
confusa, sem saber se deve ou se pode viver certas experiências, pois tem
sempre algo proibido e incerto inscrito na sua certidão de vida.
Alimentar-se de mentiras é uma dieta
indigesta para quem deseja amadurecer. Mentimos todas as vezes que nos negamos
responsabilizar pela nossa própria vida, pelas nossas escolhas, pelos nossos
erros. Mentimos por medo, tentando
esconder nossas fraquezas. Mentimos quando não desejamos enxergar uma
faceta da nossa personalidade que mostra as nossas imperfeições. Mentir é uma
atitude imatura e infantil frente ao confronto com a nossa maturidade e
condição de adulto. Uma mentirinha pequena pode até não fazer tanto mal e nos
safar de conflitos que seriam melhor evitar. No entanto, esta mentirinha nos
impede de fazer uma reflexão um pouco mais profunda: Será que não existiria uma
forma mais inteligente, responsável e sábia de evitar este mesmo conflito? Será
que ao invés de mentir, eu não deveria ter usado outros meios mais maduros para
evitar aquilo que eu não dou conta de assumir?
Aprendemos a mentir com as próprias
estruturas educativas, tais como a família, a escola e a sociedade de uma forma
geral. A criança reproduz aquilo que viu alguém fazer. A mentira, às vezes, é
tão arraigada ao comportamento dos pais, que estes nem percebem que mentem. Só
diante do espelho chamado filho é que percebem a gravidade de uma mentira.
Assim como Calipso, o filho utiliza o mesmo veneno utilizado pela família para
se safar dos conflitos. Só que a fama de mentiroso recai apenas no mais fraco,
e a criança acaba sempre levando a fama. Eleger um bode expiatório é uma forma
perversa, porém usada por muitas famílias insanas e falsas para se proteger de
uma imagem que não desejam assumir. Os pais mentem para o filho, o professor
mente para o aluno, o poder legislativo e judiciário que deveriam ser os
grandes representantes da verdade em nosso país mentem para o povo brasileiro.
Com tanta mentira, onde fica a verdade? Ela se encontra apenas no espaço
comprometido com o seu desenvolvimento, com a sua maturidade e com a sua evolução. No Yoga, o preceito de
Satya nos convoca a sermos verdadeiros
para atingirmos a iluminação. No entanto, em nome das vantagens pessoais que
nosso ego anseia, optamos, na maioria das vezes, por permanecermos na sombra da
ignorância.
Por trás da mentira tem, muitas vezes, o
medo – medo de crescer, assumir as consequências pelos próprios atos, ser
responsável pela própria vida, ser julgado, ter que lidar com a frustração
quando as coisas não saem exatamente do jeito como a gente imaginou. Só dá
conta de ser verdadeiro, quem enfrenta os próprios medos.
Em muitos casos, a mentira vem dar
suporte ao desejo de querer levar vantagem em tudo. O mentiroso, neste caso,
não suporta a ideia de ser como a maioria. Inventa uma realidade que possa lhe
dar privilégios. É uma eterna criança ligada ao princípio do prazer. O
princípio da realidade é evitado, pois é duro demais para uma personalidade
fragilizada.
A quem tenha uma auto-estima muito baixa
e necessite de uma mentira que possa elevar o seu valor, mesmo que
ilusoriamente. Aliás, quem mente, adora uma ilusão.
Justificamos sempre as nossas mentiras,
mas não fazemos o mesmo quando somos vitimados pela mentira do outro. A mentira
dói quando somos o alvo da mesma. Quando fazemos do outro o nosso alvo buscamos
sempre uma razão recheada de hipocrisia.
A verdade é relativa. Depende muito do
nosso posicionamento frente uma situação. Ela pode mudar frente uma série de
fatores. Questões temporais, culturais, tecnológicas, sociais, dentre outras
podem transformar uma verdade numa grande mentira ou vice versa. A Terra já foi
quadrada, o sol já girou em torno da Terra, vários medicamentos que curavam
agora matam, e por aí vai...Muitas
mentiras são fruto de nossa ignorância, outras de interesses de grupo que
almejam o poder. Só o tempo e o desenvolvimento de nossa consciência tem o
poder de revelar aquilo que nos é velado. No entanto, há quem peça a mentira
acima de tudo – “Não me revele o que não dou conta de administrar”. Preferem,
acima de tudo, uma mentira que possa anestesiar a dor que a verdade causaria.
Há também os falsos emissários da verdade.
Usam a verdade para ferir, punir e para justificar a sua arrogância e falta de
educação. Não basta falar a verdade. É necessário saber como e quando evoca-la.
Comunicar a verdade é, de certa forma, uma arte. São raras as pessoas que
dominam o exercício eficiente da mesma. Poucos sabem utiliza-la com sabedoria.
A verdade, quase sempre, precisa ser acolchoada com carinho, respeito e amor
para não ferir. Caso contrário, entra dura cortando e podando o que precisa
desenvolver.
Educar o outro e educar a si mesmo para
a verdade é um grande desafio. A historinha abaixo pode lhe dar um toque
educativo neste sentido.
CARA DE CEGONHA
Sabrina,
uma menina de 5 anos perguntou a mãe:
—Mamãe,
como é que voce ficou me esperando?
—A
cegonha lhe trouxe, querida.
—E
esta barriga tão grande que está na foto, mamãe?
—A
cegonha pôs voce dentro da barriga da mamãe.
—Como
é que a Cegonha me enfiou ai?
—Ela
abriu minha barriga.
—Com
que?
—Com
um bisturi.
—O
que é bisturi, mamãe?
—É
tipo uma faquinha.
—A
Cegonha te esfaqueou? Perguntou, Sabrina, assustada e com os olhos arregalados.
—Não,
ela só abriu a minha barriga. Ela sabe fazer isto sem dor.
Um
mês depois a mãe é surpreendida e grita apavorada:
—Sabrina!
O que você está fazendo com esta faca na
mão?
—É
para abrir minha barriga, mamãe.
—Pra
que, minha filha?
—Para
colocar a Paty lá dentro. Respondeu Sabrina apontando para a boneca ao lado.
—De
onde você tirou esta ideia?
—Da
Cegonha.
—Que
Cegonha? Perguntou a mãe confusa como se nunca tivesse ouvido falar em Cegonha.
—Da
Cegonha que me colocou na sua barriga. Respondeu, prontamente, a filha.
—Nenhuma
cegonha te colocou na minha barriga, sua maluca! Repreendeu a mãe, de forma
áspera, a inocência da menina.
—Mas,
foi você quem me disse isto. Justificou a filha.
—Nem
tudo que a mamãe diz é verdade.
—Como
assim, mamãe. Não é você que vive me dizendo para falar só a verdade?
—É, mas...Titubeou a mãe sem saber o que dizer.
—Já
entendi. Não é para falar mais a verdade.
—Não!
Absolutamente! É para falar a verdade sim. Ordenou a mãe, arrependida com a confusão
que gerou na cabeça da filha.
—Não estou entendendo
mais nada... Se for para falar a verdade, como é que você me falou uma mentira
—Foi por que... Por...
—Por que, mamãe?
Completou Sabrina.
—Por que eu estava com
vergonha.
—Já entendi tudo!
—Entendeu o que,
menina! Vê se você tem idade para entender alguma coisa? Subestimou a mãe a
sabedoria da filha.
—Eu entendi que você
pôs cara de cegonha numa atitude sem vergonha.
A mãe quase caiu para
trás. Meio sem fôlego, perguntou:
—De onde você tirou
isto, menina!
—Meu coleguinha falou
que a irmã dele está esperando neném...
—E o que isto tem haver
com a nossa história?
—Ele falou que
aconteceu isto porque ela é sem vergonha.
A mãe cada vez mais
desesperada, sem saber como arrumar a bagunça que criou na cabeça da filha,
lamentou exasperada:
—Que confusão eu criei
na sua cabecinha. Desculpe-me, filhinha! Mamãe errou, mas promete que não fará
mais isto. Eu vou lhe explicar melhor toda esta história.
A filha percebendo o
desespero da mãe tentou confortá-la utilizando todo seu conhecimento infantil
em processo de alfabetização:
—Preocupa não, mamãe.
Você errou só por uma silaba. Trocou o Ver pelo CE. E, se a gente misturar
estas letrinhas... Cer-ve – silabou a menina – “Cerve” o que voce me contou - continuou.
—Serve não, filhinha.
Serve escreve com S e não com C.
—Mas, se Vergonha virou
Cegonha... O S pode virar C.
—Acho melhor o S
continuar sendo S e o C continuar sendo C.
—Por que mamãe?
—Porque senão um dia, a
Sabrina linda que eu estou vendo aqui, pode resolver deixar de ser Sabrina para
ser outra coisa que a mamãe não vai gostar de ver. Você merece ser Sabrina
sempre. Para isto, eu tenho que fazer a minha parte.
—Que parte, mamãe?
—Eu tenho que te contar
sempre a história verdadeira.
A mãe colocou a filha
no colo e fitando-a nos olhos contou a história que toda criança anseia um dia
saber. Na linguagem da filha, usando os recursos que uma criança de cinco anos
é capaz de entender, ofertou à mesma, uma verdade que lhe pertencia e que
jamais poderia lhe ser negada ou escondida. No final da historia, recebeu como
retorno, um sorriso radiante da filha e uma opinião envolta pela simplicidade
que falta a todos os adultos:
—Mamãe, esta historia é
muito mais interessante! Prefiro muito mais a participação do papai do que de
uma Cegonha. Esse bicho, eu não conheço e nunca vi. O papai, eu amo e vejo todo
dia.
A mãe não titubeou em
dar à filha um abraço bem verdadeiro, daqueles que só quem ama muito sabe dar.
ESPAÇO DE REFLEXÂO
Pense
1)
Qual
foi a maior mentira que você falou ou viveu em sua vida?
2)
Você
foi movida por quais sentimentos quando inventou esta mentira?
3)
Que
responsabilidades você estava evitando assumir sustentando esta mentira?
4)
O
que lhe impedia de assumir esta responsabilidade?
5)
Que
parte sua não desejava crescer, negando-se assumir esta responsabilidade?
6)
Quais foram as consequências positivas desta
mentira para a sua vida e para a pessoa que voce mentiu?
7)
Quais
foram as consequências negativas desta mentira para a sua vida e para a pessoa
que voce mentiu?
8)
O
que poderia ter acontecido se você tivesse evitado esta mentira, falando ou
vivendo a verdade?
9)
Que
marcas esta mentira deixou em sua história?
10)Veja-se,
agora, vivendo esta história que, você alicerçou com a mentira, de uma maneira
diferente, ou seja, alicerçando-a com a verdade.
11)O alicerce da verdade desperta quais
sentimentos em você?
12)Voce foi perdoado pela pessoa que voce
mentiu?
Agora, voce é o alvo...
1)
Qual
a maior mentira contada a voce?
2)
Quem
lhe contou esta mentira foi movido por quais sentimentos?
3)
Que
responsabilidade esta pessoa estava querendo fugir ao lhe contar esta mentira?
4)
Que
parte desta pessoa não queria crescer negando-lhe a verdade?
5)
Quais
foram as consequências positivas desta mentira para a sua vida e para a pessoa
que mentiu para voce?
6)
Quais
foram as consequências negativas desta mentira para a sua vida e para a pessoa
que mentiu para voce?
7)
O
que poderia ter acontecido se esta pessoa tivesse falado a verdade para voce?
8)
Que
marcas esta mentira deixou na sua história?
9)
Veja-se
agora vivendo esta verdade que lhe foi negada.
10)Esta verdade
desperta quais sentimentos em voce?
11) Voce já
perdoou a pessoa que mentiu para voce?
DESAFIO
Escolha uma
verdade, dentre as que voce esconde, e revele a quem será por ela beneficiado.